A crença segunda o qual toda sexta-feira 13 é dia de azar deixou de fazer parte do campo do misticismo na pacata Vila de Namaacha. O bairro Matianine B, encrustado na rua que leva o nome de um lugar de má memória para os moçambicanos, Mubuzini, foi igualmente palco de um episódio sangrento. Porém, insólito para os nativos daquele município famoso pelas cascatas que atraem visitantes de todos os pontos da cidade e província de Maputo.
Cinco indivíduos, quatro daquele bairro e outro que não foi possível apurar o nome, mas do qual se diz ser residente do 25 de Junho, na mesma Vila municipal, decidiram, no princípio do dia, extrair mercúrio de um morteiro.
A ideia era simples e, do ponto de vista dos cinco, eficaz. Um serralheiro que em vida respondia pelo nome Jorge Armando Cossa, de 34 anos de idade, usaria uma rebarbadeira para abrir o engenho. A morte, sempre rasteira e à espreita, acabou com a empreitada e cobrou duas vidas na hora. A explosão foi tal que os vizinhos mais próximos saíram à rua prontos para o que desse e viesse. No caso em apreço prontos para tudo resume-se ao acto de encontrar um lugar para esconder a qualquer custo. Com o clima de tensão na zona Centro do país, dizem, todo o cuidado é pouco.
A residência de Simeão Mucavele, que ficou sem dois membros de acordo com testemunhas oculares, continua intacta. O que contrasta com os corpos de Cossa e o indivíduo ainda por identificar sem vida no chão da varanda da casa de bloco cru que a falta de dinheiro não deixou concluir.
Os objectos de um trabalho que se acreditava rentável continuaram no local enquanto agentes do Comando da Vila de Namaacha aguardavam pela chegada de uma brigada da PIC. O Chefe das operações no local referiu que não poderia prestar declarações no momento. Quaisquer esclarecimentos seriam, disseram-nos, dados no Comando. Até o @Verdade deixar a Vila não foi, contudo, possível obter esclarecimentos.
Fontes do Hospital Central de Maputo confirmaram ao @Verdade a entrada de três feridos graves oriundos de Namaacha. Numa primeira hora os três indivíduos foram levados ao Hospital Distrital de Namaacha de onde foram imediatamente transferidos para o HCM.
Quando a nossa equipa de reportagem deixou o local a imagem de uma criança de três anos a brincar inocentemente, num local onde os rostos estavam prenhes de tristeza, aguçou a nossa curiosidade. “É filho do serralheiro”, disseram-nos. Mesmo na sexta-feira 13 é impossível deixar uma criança triste. O mundo da felicidade pertence-lhes e a tristeza é um mundo que desconhecem mesmo quando o seu futuro e amordaçado num vale de lágrimas.
Matianine B, depois da tragédia motivada pela cobiça e, quiçá, ignorância jamais será o mesmo. O futuro, agora, é incerto para duas famílias que perderam os seus guias e outras três que descobriram que mais grave do que a morte é a incerteza da vida: há três indivíduos entre a vida e a morte…
Uma resposta
o simiao ainda com membros intactos, houve mais agua nessa historia