O ex-presidente da Costa do Marfim Laurent Gbagbo compareceu no Tribunal Penal Internacional na segunda-feira para enfrentar acusações de crimes contra a humanidade. Ele é o primeiro ex-chefe de Estado que deverá ser julgado pela corte desde que ela foi instituída em 2002.
Gbagbo, de 66 anos, foi preso e levado da Costa do Marfim para a Holanda na semana passada, onde está desde então detido no centro de detenção de Haia, debaixo do mesmo teto de outros suspeitos de genocídio e crimes de guerra. A acusação de crimes contra a humanidade contra Gbagbo inclui homicídio e estupro.
Cerca de 3 mil pessoas morreram e mais de um milhão foram desalojadas em quatro meses de guerra civil depois que Gbagbo se recusou a ceder o poder a Alassane Ouattara após a eleição de 2010. Os resultados certificados pela Organização das Nações Unidas indicaram que Ouattara venceu a eleição por uma margem de quase 8 pontos, mas o seu rival se recusou a admitir a derrota e perseguiu os simpatizantes de Ouattara.
Vestido um foto escuro, camisa branca e gravata azul escura, e aparentando estar descansado e em boa saúde, Gbagbo confirmou a sua identidade e data de nascimento e disse na principal corte para crimes de guerra do mundo que as condições no centro de detenção onde está preso estavam ok.
QUEIXAS
Nessa aparição inicial à corte que durou menos de meia hora, Gbagbo passou a maior parte de seu tempo descrevendo as condições sob as quais foi mantido na Costa do Marfim, a sua prisão e a transferência para Haia.
Ele afirmou que, enquanto esteve em prisão domiciliar na Costa do Marfim, ele tinha uma cama, uma rede de proteção contra mosquitos, um chuveiro e duas refeições diárias, mas não podia ver o sol e apenas sabia sobre o clima lá fora com o som dos pingos da chuva no telhado. Ele reclamou de seus problemas físicos, dizendo: “Já não sou mais uma pessoa jovem…tenho 66 anos, meu ombro dói, meus punhos doem”. Ele afirmou que tirou raios-x e recebeu medicamentos ao chegar a Haia.