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Ex-chefe do Exército turco condenado a prisão perpétua por conspiração

Um tribunal turco sentenciou, esta Segunda-feira (5), um ex-comandante militar à prisão perpétua por conspirar contra o governo, e dezenas de outros réus a longas penas de prisão, num caso que expõe as profundas divisões na Turquia.

O general da reserva Ilker Basbug, ex-chefe do Estado-Maior, foi condenado por participar da conspiração que ficou conhecida como “Ergenekon”, com o objectivo de derrubar o governo do primeiro-ministro Tayyip Erdogan. Ao anunciar os veredictos dos quase 300 réus do processo, os juízes também sentenciaram três parlamentares do Partido Popular Republicano, de oposição, a penas de 12 a 35 anos de reclusão.

Antes disso, as forças de segurança usaram gás lacrimogéneo para dispersar simpatizantes dos réus que haviam se concentrado num terreno próximo ao tribunal, instalado na penitenciária da Silivri, a oeste de Istambul.

O processo, que durou cinco anos, tornou-se símbolo do confronto da última década entre Erdogan, um político de inclinação islâmica, e as instituições laicas do Estado turco. Os promotores dizem que uma suposta rede de nacionalistas radicais, conhecida como Ergenekon, realizou execuções extrajudiciais e atentados a bomba na tentativa de desencadear um golpe militar.

O Partido AK, de Erdogan, diz que esse é um exemplo das forças antidemocráticas que o actual governo tenta erradicar. Os críticos, incluindo o principal partido da oposição, dizem que as acusações são inventadas para reprimir a oposição e domar o “establishment” laico que há quase um século domina a Turquia.

Eles dizem também que a Justiça foi alvo de influências políticas nesse caso. “Esse é o julgamento feito por Erdogan, é o teatro dele”, disse à Reuters o parlamentar Umut Oran, do Partido Popular Republicano. “No século 21, para um país que deseja se tornar membro pleno da União Europeia, esse julgamento obviamente político não tem base jurídica”, afirmou ele no tribunal.

Erdogan nega que tenha havido interferência no processo político, e salienta a independência do Judiciário. Mas ele criticou o comportamento dos promotores no caso, e manifestou inquietação com o tempo que os réus passaram na cadeia antes de serem condenados.

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