A cotação do euro superou na quarta-feira o limite de 1,50 dólares pela primeira vez em 14 meses, tendo sido cotado a 1,5003 dólares, dando prossegumento, assim, à disparada dos últimos dias. O euro não havia chegado a este nível desde 11 de Agosto de 2008, apesar de desde o mês de Março a moeda única europeia ter subido quase 20% no mercado cambial em relação ao dólar.
O dólar, abandonado pelos investidores que preferem se arriscar mais, tem sido questionado em seu papel de moeda de reserva mundial. Às 16H00 GMT, o euro valia 1,5011 dólares. Esta semana, uma serie de resultados positivos de companhias americanas levaram as principais praças financeiras à alta, aumentando as expectativas de uma rápida recuperação da economia mundial depois da pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial.
Ao mesmo tempo, a moeda americana está no centro das perspectivas de taxas de juros em nível muito baixo durante mais algum tempo nos EUA. Os economistas advertem que a disparada do euro poderá afectar a frágil recuperação económica registrada no espaço da moeda única compartilhado por 16 países da União Europeia (UE). Segunda-feira, os ministros das Finanças desses países manifestaram, durante reunião, em Luxemburgo, “preocupação” com a situação actual nos mercados de divisas com a debilidade do dólar.
Apesar das declarações públicas a favor de um dólar forte, as autoridades americanas são suspeitas de se acomodarem à queda da taxa de câmbio, como forma de ajudar a reactivação económica do país através das exportações. Por isso, alguns analistas acreditam que a disparada do euro não chegou a seu fim.
“Próxima parada, 1,60 dólares”, indicou nesse sentido David Morrison, da GFT Global Markets, para quem a política de “negligência benigna” praticada pelo Federal Reserve americano não faz mais que continuar colocando sob pressão a moeda. Um dólar fraco favorece os preços do petróleo, que recuperavam terreno na quarta-feira.