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Eugénio Numaio esclarece que não está envolvido no tráfico de armas para a matança de rinocerontes, “acho que fui imprudente”

Eugénio Numaio esclarece que não está envolvido no tráfico de armas para a matança de rinocerontes

Foto de Adérito CaldeiraEugénio Numaio, um dos sócios da empresa que está no epicentro do tráfico de armas de fabrico checo, que passam por Moçambique e são usadas na caça furtiva na África do Sul, esclareceu ao @Verdade que não participa da gestão da Investcon Lda. “A gestão era com eles”, em alusão aos sócios sul-africanos Johan Stoltz e Gabriel Stoltz, explicou que Limnetzi Safaris “é deles, não faz parte daqueles 10 mil hectares que trabalharam comigo” e admitiu “acho que fui imprudente”.

Na sequência da notícia publicada pelo @Verdade, “Armas que matam rinocerontes na África do Sul são compradas em Maputo com conivência de funcionários do Governo de Moçambique”, o cidadãos moçambicano Eugénio Numaio esclareceu que nada tem a ver com o tráfico de armas para a caça ilegal.

Numaio, antigo Governador da Província de Gaza e ex-deputado da Assembleia da República, foi mencionado pelo @Verdade como sendo um dos sócios da Investcon Lda, empresa criada em Moçambique em 2006 pelos cidadãos sul-africanos Johan Rudolph Stoltz e Gabriel Petrus Stoltz, assim como o moçambicano Isaac Arnaldo Samuel.

De acordo com uma investigação da organização não governamental Conflict Awareness Project a Investcon Lda adquiriu, entre 2013 e 2015, pelo menos 113 carabinas calibre 375 e 458 da marca CZUB em revendedores do ramo em Maputo, ExploAfrica /Afrocaça e Casa Fabião.

Nesse período a caça ilegal do rinoceronte no Parque Nacional Kruger aumentou para mais de oito centenas de animais num ano, autópsias revelaram terem sido mortos por carabinas calibre 375 e 458, muitas apreendidas com caçadores ilegais e com os números de série das armas adquiridas pela Investcon Lda.

Eugénio Numaio declarou ao @Verdade ter sido apresentado a Johan Rudolph Stoltz e Gabriel Petrus Stoltz, filho e pai, anos depois de estabelecer-se como empresário moçambicano no sector de turismo de conservação e protecção da fauna bravia na Província de Gaza que lhe pedida “assessoria”, “disserem que queriam identificar uma área para montar um empreendimento de conservação e safari especialmente de búfalos”.

“Dei assistência nisso porque tenho um escritório de consultoria. Depois disseram que não gostariam separar-se de mim, em vez de me pagarem em dinheiro, ainda não temos vamos a busca de investimento, queremos dar uma percentagem no projecto, aceitei (25 por cento). Pensei que fosse coisa séria. Fui visita-los várias vezes no hotel na Matola (onde os Stoltz operavam o Vaquina Guesthouse), ao velho Gabriel e o jovem Johan com a esposa”, contou.

“O meu mal foi aceitar a tal oferta, em vez de receber um pagamento pelos serviços que prestei”

Numaio disse que o projecto a que se associou da Investcon Lda era para explorar 10 mil hectares em Dumela, no posto Administrativo de Pafuri, no Distrito de Chicualacuala, porém “demorou muito a sair o DUAT. Eles (Johan Stoltz e Gabriel Stoltz) à revelia compraram uma propriedade perto, a um senhor que tinha gado, e montaram um campismo. A gestão era com eles e nem tinha tempo para estar lá”.

“Sei que requereram 5 armas que, segundo o Johan, no dia em que foram levar no Ministério do Interior, a chegada a propriedade um grupo assaltou-os e levaram as armas. Disse que reportaram o assunto a polícia, na esquadra da Mozal. Requereram mais 7 (armas) para começarem a caçar. Mas esse projecto é deles, não faz parte daqueles 10 mil hectares que trabalharam comigo”, afirmou Eugénio Numaio enfatizando que “se eles tinham outras actividade eram à parte, não sei o que se passou”.

Numaio revelou que quando a investigação da Conflict Awareness Project foi revela, pela primeira no ano passado pelo programa televisivo Carte Blanche, “o Johan veio ter comigo disse que já accionamos nosso advogado em Nelspruit, antes de sentarmos para ver o que se passava”.

Segundo Numaio após contactarmos um advogado em Moçambique decidiu a fazer uma exposição “ao Ministério do Interior, mencionamos as armas roubadas e as 7 requeridas. Nunca nos responderam”. Após a publicação do artigo do @Verdade, “Na semana passada falei novamente com o Johan, saiu mais uma notícia, apertei-lhe sobre o que aconteceu para sair novamente. Disse-me que suspeitam que a rede do sindicato dos caçadores pode ter aliança nas instituições que emitem as licenças e terem forjado alguma coisa em nome da nossa empresa”, ajuntou.

“Eu acho que fui imprudente”, desabafou Eugénio Numaio que admitiu, “o meu mal foi aceitar a tal oferta, em vez de receber um pagamento pelos serviços que prestei”.

Numaio apresentou ao @Verdade cópia de uma carta dirigida a Johan Rudolph Stoltz, na qualidade de Chairman of the board of directors of Investcon Lda, renunciando aos 25 por cento da quota que lhe foi atribuída pela “assessoria”, contudo “agora nem sei onde está o escritório, não sei se venderam o hotel, pode ser que haja banditismo”, concluiu.

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