Os bancos americanos e europeus não são vítimas, e sim os principais culpados da crise financeira que abalou os Estados Unidos em 2008, afirmou nesta quarta-feira uma organização americana de jornalismo de investigação.
O Center for Public Integrity avaliou em 25 o número de organismos de créditos imobiliários que autorizaram empréstimos de alto risco e provocaram a crise do setor imobiliário que estourou em 2007 e desembocou na crise econômica mundial.
A maior parte destes organismos pertenciam a bancos americanos e europeus, e os demais não puderam autorizar os empréstimos de risco, os chamados ‘subprime’, sem a complacência dos bancos, ressaltou a organização. “Os bancos que financiaram a indústria dos subprime não foram vítimas de um desabamento imprevisto do setor das finanças, como alguns deles alegaram”, destacou o diretor executivo da organização, Bill Buzenberg. “Estes bancos facilitaram deliberadamente o financiamento dos empréstimos que ameaçam agora o sistema financeiro”, acrescentou.
O estudo foi publicado num momento em que a Câmara dos Representantes dos Estados Unidos deve aprovar nesta quarta-feira um projeto de lei com o objetivo de criar uma comissão de investigação independente para examinar as causas da crise econômica, no modelo da comissão instaurada depois dos atentados de 11 de setembro de 2001.
O Center for Public Integrity afirmou ter estudado números do governo americano referentes a quase 7,2 milhões de empréstimos de risco concedidos entre 2005 e 2007, pouco antes da crise dos ‘subprime’. Segundo o estudo, estes 25 organismos de créditos imobiliários representavam quase um trilhão de dólares, ou seja, quase 72% dos empréstimos hipotecários de risco.
Pelo menos 21 destes 25 organismos foram financiados por bancos resgatados pelo governo americano, e 11 deles pagaram altas quantias para evitar processos na justiça. Quatro destes organismos receberam diretamente fundos públicos, entre eles a seguradora AIG e o banco Citigroup.
Os bancos britânicos HSBC e Barclays Bank também foram citados. De acordo com o estudo, o Countrywide Financial, o ex-número um americano do crédito hipotecário, comprado em 2008 pelo Bank of America para evitar a falência, emitiu pelo menos 97,2 bilhões de dólares em empréstimos de risco. “Até o mercado imobiliário desmoronar, os bancos arrecadaram lucros gigantescos enquanto seus dirigentes ganhavam vultosos bônus”, afirmaram os autores do estudo.