Na noite de quarta-feira (dia 11) a abertura de uma solenidade de formatura em Belo Horizonte, capital de Minas Gerais (Brasil), deixou curiosa a maioria das pessoas que a assistiam. A sessão iniciou-se com o canto do hino nacional de Moçambique, seguido do hino nacional brasileiro. Outro detalhe chamou a atenção: ao lado da bandeira nacional do Brasil, que adornava o salão do evento, figurava a bandeira de Moçambique.
Somente ao final da solenidade, a presença do país africano em um evento brasileiro foi esclarecida. O director da instituição, a Fead – Faculdade de Estudos Administrativos, José Roberto Tavares Paes, ao encerrar os trabalhos, informou que entre os graduandos figurava a moçambicana Celeste José Paulo Nhamúphua, do curso de Administração.
Intercâmbio
Em entrevista ao Portugal Digital e ao África 21 Digital, o director da Fead acrescentou outras informações para explicar a presença dos moçambicanos em Minas Gerais. Disse que a instituição mantém um convênio com o país africano há seis anos, por meio do qual recebeu 70 estudantes aos quais concedeu bolsa de estudo integral.
Além da bolsa, outra facilidade foi a não-exigência de exame vestibular para acesso à faculdade, ao contrario do que ocorre no Brasil, pelo fato de os estrangeiros terem passado por um rigoroso processo de selecção no país de origem. Este intercâmbio é resultado de um acordo firmado entre a Fead e o Governo de Moçambique, com interveniência do Governo de Minas Gerais, por meio da Secretaria do Estado da Agricultura, explica José Roberto.
Além de Administração e Direito, a Fead oferece os cursos de Agronomia, Zootecnia e Veterinária. O interesse do Governo moçambicano à época da assinatura do convênio era ter no país pessoal qualificado nessas três últimas áreas, consideradas prioritárias. Em contrapartida, a Fead ganharia competitividade. A validade do convênio expira este ano, quando os últimos alunos terminam seus cursos.
O acordo não deve ser renovado, segundo José Roberto, porque actualmente não há interesse do governo moçambicano. O director da Fead lamenta o fim do intercâmbio e só tem elogios para os estudantes africanos. “São altamente qualificados, geralmente falam duas a três línguas e possuem uma elevada capacidade de integração”. Ele acredita que os alunos formados aqui no Brasil irão promover grandes mudanças em seu país.?