Por ocasião do dia 25 de Setembro, o Parlamento Juvenil (PJ) tornou público um comunicado, no qual afirma que a determinação dos jovens que libertaram o país “será sempre uma fonte de inspiração inesgotável”. Porém, adverte que estão, cada vez mais, criadas as condições para que se desencadeie uma “nova revolução”.
O PJ é um movimento de advocacia de direitos e prioridades da juventude. A ideia do comunicado é, primeiro, saudar o dia em que “jovens ousados e valentes pugnaram pela autodeterminação em prol do ideário mais nobre da nação moçambicana”.
Contudo, apesar da experiência destes jovens que se levantaram contra a colonização, o PJ assegura que “com a mesma determinação patriótica saberemos lutar por um Moçambique livre da exclusão social, da corrupção e do ostracismo político”.
Efectivamente, a luta actual, de acordo com o comunicado do PJ, é pela consolidação da democracia e da liberdade de expressão”. Por isso, dizem, é preciso lembrar as motivações da luta de libertação: “lutaram para readquirir a liberdade e acabar com a exploração e a opressão que pesavam sobre os moçambicanos há séculos”, lê-se no documento.
Acrescenta: ”lutaram porque queriam conquistar a independência e expulsar os colonialistas que viviam como milionários à custa da mais completa miséria do povo moçambicano”.
A PJ adverte para o facto de que “não lutaram para serem os novos burgueses” e “para deixarem emergir uma nova classe de exploradores”.
A carta é, também, um convite para que se revisitem os valores da luta da independência, os quais passam por ter em mente “que os dirigentes têm de ser os primeiros no sacrifício e os últimos no benefício. Os primeiros a avançar nas frentes mais difíceis, defendendo a soberania e o solo sagrado da nossa pátria”.O PJ considera que “a bússola central” da luta de libertação “está sendo colocada em xeque, até mesmo pelos seus mais ferrenhos defensores”.
No final, surgem as advertências, sendo que a primeira é que, antes de tudo, “é preciso olhar mais para o bem comum”. Até porque “o caminho que os jovens têm sido obrigados a trilhar, praticamente na indigência, é perigoso para o país”.
De referir que, no entender do PJ, “foi a opulência do colonizador que insuflou os jovens de 25 de Setembro de espírito patriótico e uma vontade férrea de recuperar as rédeas do país e a soberania dos moçambicanos”.
“O jovem, nos dias que correm, está à beira da saturação, sobretudo quando vê que os empresários prósperos derivam dos laços consanguíneos alicerçados na nomenclatura”, lê-se no documento.
Os jovens, dizem, sonham com um novo 25 de Setembro quando compreendem que a luta foi justa, mas que a justeza não habita no coração de quem governa.
A homenagem aos jovens do 25 de Setembro termina lembrando “com fervor” palavras sábias de então:
“É proibido morrer antes de a revolução triunfar” Kalungano
“As minhas dores mais as tuas dores vão estrangular a opressão” Armando Guebuza
“Não basta que a nossa luta seja justa e pura, é importante que a pureza e a justeza habitem dentro de nós” Jorge Rebelo