Os militantes do Estado Islâmico apertaram o cerco a uma cidade no norte da Síria, este domingo (21), enquanto as Nações Unidas disseram que o número de curdos sírios que se dirigiam à Turquia pode ter chegado a 100 mil e deverá subir.
Os moradores da cidade fronteiriça de Ayn al-Arab, conhecida como Kobani em curdo, e seus arredores disseram que os militantes estavam a executar pessoas de todas as idades na região que conseguiram controlar e que criaram um clima de medo.
Os políticos curdos na Turquia renovaram os seus apelos para os jovens do sudeste do país, maioritariamente curdo, para dirigirem-se a Kobani para ajudar a sua etnia a expulsar o Estado Islâmico, que tomou conta de faixas do Iraque e da Síria nos últimos meses e proclamou um califado no centro do Oriente Médio.
“O ISIL (Estado Islâmico) continua a avançar. Por cada lugar que passam eles matam, ferem e sequestram. Muitas pessoas estão desaparecidas e acreditamos que tenham sido sequestradas”, disse o médico Welat Avar à Reuters por telefone de Kobani.
“Precisamos urgentemente de remédios e equipamentos para cirurgias. Temos muitos feridos. O ISIL matou muita gente nos vilarejos. Cortaram as cabeças de duas pessoas, eu vi com os meus próprios olhos”, disse.
Um político curdo da Turquia que visitou Kobani no sábado deu uma visão similar das tácticas dos militantes sunitas. “Mais do que uma guerra isso é um genocídio. Eles estão a entrar nos vilarejos e a cortar a cabeça de uma ou duas pessoas para mostrá-las aos moradores”, disse Ibrahim Binici, do partido turco pró-curdo HDP.
“É realmente uma situação vergonhosa para a humanidade”, disse, a pedir intervenção internacional. Alguns curdos sírios compararam a situação à da minoria Yazidi no Iraque, que foi atacada pelo Estado Islâmico neste ano. Dezenas de milhares de Yazidis foram forçados a deixar as suas casas em Sinjar e outros vilarejos.
Os Estados Unidos promoveram ataques aéreos contra o Estado Islâmico no Iraque e disseram que preparavam ampliá-los para a Síria, mas não está claro quando e onde isso pode ocorrer.
A embaixadora dos EUA nas Nações Unidas, Samantha Power, disse, este domingo, que outros países pretendiam unir-se a Washington no lançamento de ataques aéreos na Síria contra militantes do Estado Islâmico. “Não faremos os ataques aéreos sozinhos”, disse ela à CBS. “Mas vamos deixar outros países anunciarem os seus comprometimentos específicos com a coligação.”