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Especulação faz subir o preço de pão

Especulação faz subir o preço de pão

Algumas padarias e pastelarias aumentaram o preço do pão muito antes de os panifi cadores terem anunciado a nova tabela, uma situação que os mesmos justifi cam alegando o aumento de custo de produção. Contrariamente ao que se pensa, o pão está mais caro desde o princípio de Agosto último, sobretudo em alguns pontos da cidade de Maputo.

Em algumas padarias e pastelarias situadas na zona de cimento da cidade, ainda existem anúncios afi – xados que datam de 25 a 30 de Julho com as seguintes informações: “Caros clientes, informamos que a partir de 2 de Agosto, o pão passará a custar cinquenta centavos a mais como consequência da subida de preço de água e energia. Obrigado pela compreensão”; “Estimados clientes, a partir de 16 de Agosto, o preço de pão passará de 1.50 meticais para 2 meticais cada devido ao elevado custo de produção. Muito obrigado”.

Outros estabelecimentos não comentam as verdadeiras razões que estão por detrás da alteração do preço, limitando-se apenas a informar que produtos como pão e arrufadas passarão a ser comercializados com um novo preço: “Informamos que o pão de 2 meticais passará a ser vendido a 2.50 meticais e de 2.50 a 3 meticais a partir do próximo da 23 de Agosto. Obrigado.”

A título de exemplo, nos estabelecimentos que, além de outros produtos, também se dedicam à venda de pão, como é o caso de Domino´s e Africana, – o primeiro localizado ao longo da Avenida 24 de Julho, e o segundo na Av. Eduardo Mondlane, ambos no bairro da Polana Cimento “B” – é possível ver afi xada nos balcões a nova tabela de preços, especifi – cando o tipo de pão e o seu respectivo preçário. Na zona suburbana, o cenário não é diferente. O preço de pão também registou um aumento de cinquenta centavos, tornando a vida do cidadão mais pesada do que já estava e que se vai agravando devido à fraca capacidade de compra. Os consumidores receiam que a nova tabela seja refeita com base no actual valor do pão, ou seja, tendo em conta o preço fi xado dias antes do anúncio ofi cial dos panifi cadores.

Esta situação de aumento do custo do pão começou a verifi car-se um pouco depois de se registar a onda da subida de preços de produtos de primeira necessidade e o agravamento das tarifas da água e da electricidade, na ordem dos 13 porcento, medidas que se seguem à subida dos valores de compra da gasolina e do gás.

O pão vai subir um metical

O agravamento do preço do pão em um metical é o primeiro desde 2008. Anteriormente, o Governo moçambicano subsidiava o sector, mas o executivo mostrou-se “sem pernas e braços” para sustentar a constante subida do valor de farinha de trigo. Por ano, em média, Moçambique consome 485 mil toneladas de trigo, das quais 465 mil são importadas. Não existe consenso entre os panifi cadores sobre a data da entrada em vigor do novo preço. Alguns defendiam a aplicação da nova tabela no passado dia 1 de Setembro, contrariando o acordo alcançado pela direcção da associação e o Governo.

O novo preço do pão entra em vigor no próximo dia 6 de Setembro. O entendimento nesse sentido foi alcançado num encontro entre o Governo e a Associação Moçambicana dos Panifi cadores (AMOPÃO). O aumento surge devido à subida dos custos de produção e de despesas como farinha de trigo, lenha, energia eléctrica e água.

Segundo alguns economistas ouvidos pelo @Verdade, enquanto o país não criar capacidade para produzir grandes quantidades de trigo para o consumo interno, terá de se sujeitar às constantes fl utuações do mesmo no mercado internacional. Para alguns analistas, esta situação resulta de vários factores combinados, ou seja, deve-se às calamidades naturais que afectam os principais produtores e exportadores do cereal, nomeadamente a Rússia e a Ucrânia, à subida do preço do petróleo e agravamento dos custos de frete de transportes, bem como à grande procura mundial.

Menos pão para os cidadãos

Uma família que compre 20 pães de 1.50 meticais por dia vai passar, desde Agosto, a gastar em pão mais 300 meticais por mês. Ou seja, o aumento de cinquenta centavos por pão acrescenta 10 meticais à conta diária. “Por dia, a minha família compra 20 pães e não posso dizer que o pão abocanha a maior parte do nosso orçamento mensal. Na minha casa, a conta ronda entre 900 a 1000 meticais por mês, porém, com este aumento a situação vai fi car um bocado difícil, visto que passaremos a gastar 1200 a 1500 meticais”, comenta Belarmina Mucavele, que encontrámos a adquirir pães para a sua família, que é composta por seis elementos. Para a família de Justina Matias, a solução será diminuir a quantidade de pão adquirida por dia.

Mensalmente, este agregado familiar, constituído por cinco pessoas, gasta em pão 600 meticais (13 pães por dia), mas com o aumento, aquela dona de casa afi rma que irá reduzir três pães para continuar a gastar o mesmo valor por mês. “O custo de vida vai-se sentindo a cada dia que os produtos vão sofrendo alterações. Normalmente, compramos 13 pãezinhos e, agora, passaremos a 10”, disse. Com o agravamento de um metical independentemente do peso, as famílias passarão a gastar mais em pão, debilitando ainda mais o já fraco poder de compra dos cidadãos.

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