A Espanha ofereceu-se nesta segunda-feira para receber uma embarcação humanitária que está à deriva em águas internacionais com 629 migrantes provenientes de África a bordo, enquanto Itália e Malta continuavam a rejeitar seu desembarque.
A União Europeia e a Acnur, agência de refugiados da ONU, pediram uma resolução rápida do impasse que envolve o navio Aquarius, que tem bandeira de Gibraltar e cujos passageiros incluem 11 crianças e sete mulheres grávidas resgatas na costa da Líbia no fim de semana.
O barco se dirigia para a Itália, mas Matteo Salvini, líder do partido nacionalista de extrema-direita Liga e que se tornou ministro do Interior neste mês prometendo conter o fluxo de imigrantes vindos do continente africano, proibiu o aporte da embarcação, dizendo que deveria se dirigir a Malta.
Malta, por sua vez, recusou-se a receber o navio, dizendo que não tinha nada a ver com a missão de resgate, que foi supervisionada pela Guarda Costeira italiana. A pequena ilha, que tem menos de meio milhão de habitantes, diz que já aceita mais refugiados per capita do que a Itália, que já recebeu mais de 600 mil imigrantes que chegam de barco ao país desde 2014.
“Salvar vidas no mar é um dever, mas transformar a Itália num gigantesco campo de refugiados não é”, disse Salvini no Facebook nesta segunda-feira. “A Itália não vai mais abaixar a cabeça e obedecer. Desta vez há alguém dizendo não”.
Numa possível solução ao impasse, o primeiro-ministro espanhol, Pedro Sanchez, um socialista que acaba de assumir o poder há uma semana, deu instruções para que a embarcação possa aportar no leste do país, em Valência. A
o ouvir a oferta da Espanha, Salvini disse que o impasse havia sido resolvido graças ao “bom coração” dos espanhóis, mas disse que a UE não poderia contar com gestos únicos para lidar com os imigrantes que chegam à Itália.
Falando no centro da Itália durante uma visita a cidades atingidas por terremotos, o primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, agradeceu a Espanha. “Esta é uma importante virada. Começando hoje, a Itália não está mais sozinha”, disse Conte no Facebook. Agora é hora e regras de asilo “mais justas” na UE, acrescentou.