A Sky News, parte do império midiático de Rupert Murdoch, admitiu, Quinta-feira, ter espionado emails em duas ocasiões, mas garantiu ter agido em nome do interesse público.
O caso complica ainda mais a situação da empresa News Corp., do magnata Rupert Murdoch, que está sob investigação por autoridades britânicas desde a revelação, ano passado, que o extinto tabloide News of the World havia espionado centenas de caixas postais telefônicas.
Terça-feira, James Murdoch, filho do empresário, deixou o comando da empresa BSkyB, controladora da Sky News, numa tentativa de limitar o impacto das denúncias anteriores.
Além de fechar o News of the World, o escândalo também levou Murdoch a desistir de comprar os 61 por cento da BSkyB que ele ainda não possui.
A Ofcom, agência reguladora britânica de comunicações, está actualmente a avaliar a conduta de proprietários e diretores da BSkyB, sob a ameaça cassar a licença da empresa.
A Sky News disse ter autorizado em 2008 um jornalista a acessar os emails de pessoas suspeitas de actividade criminal, num caso em que um britânico forjou a sua própria morte ao sair para o mar com uma canoa.
O canal disse que o material descoberto foi partilhado com a polícia e ajudou a levar à condenação da mulher do homem, que estava a viver no Panamá.
No outro episódio, o suspeito acessou as contas de email dum suposto pedófilo e da sua mulher, numa investigação que não resultou em nenhuma reportagem.
“Mantemos que essas acções foram editorialmente justificadas e no interesse público”, disse em nota o director da Sky News, John Ryley. U
ma lei britânica pune a espionagem de caixas de correio electrónico, sem prever o interesse público como justificativa. Mas os promotores podem, dependendo do caso, decidir não abrir o processo.
Num blog, Ryley acusou o jornal Guardian, particularmente activo na investigação do caso News of the World, e o primeiro a denunciar condutas irregulares da Sky News, de também violar a ética.
“Se está a procurar mais exemplos, o Guardian poderia tê-los encontrado muito mais perto de casa”, escreveu Ryley, citando o caso de David Leigh, editor-assistente do Guardian, que admitiu, ano passado, ter grampeado o telefone dum traficante de armas.
Ryley disse que a cobertura da Sky News deixou claro que o canal havia “descoberto” e entregue os emails à polícia, e enfatizou que no caso do “homem da canoa” o material só foi divulgado depois da condenação do casal envolvido.
A Sky News disse ter encomendado uma auditoria externa dos seus emails, e uma auditoria interna sobre os pagamentos feitos.
A empresa disse que a investigação sobre os emails já está quase concluída, e que por enquanto não há motivos para crer que as irregularidades fossem disseminadas.
As acções da BSkyB fecharam em Londres com baixa de 3,4 por cento, cotadas as 6,52 libras.