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Erosão ameaça engolir casas em Nampula

Erosão ameaça engolir casas em Nampula

A extracção desenfreada de areia em lugares considerados impróprios para a construção de residências, a ocupação desordenada de terrenos e o disfuncional sistema de drenagem são alguns factores que contribuem para a erosão progressiva de solos na cidade nortenha de Nampula. Em alguns bairros, várias casas estão na iminência de desaparecer. Contudo, as autoridades da autarquia não sabem quantas famílias estão afectadas por este problema, sobretudo nos bairros localizados nas margens de alguns riachos e ravinas.

Os bairros de Carrupeia, Muhala, Mutauanha, Napipine, Cossore e Muatala são alguns exemplos de locais onde o desgaste de solos é preocupante. A qualquer momento, determinadas habitações podem desabar devido a fenómenos naturais e acções humanas.

Aliás, as chuvas intensas que fustigaram a cidade e a província de Nampula nos primeiros meses deste ano agravaram a situação. O @Verdade visitou, na última semana, certas zonas residenciais, tendo constatado situações graves – e algumas aparentemente de difícil solução – relacionadas coma corrosão de solos.

Parte significativa das vias de acesso encontra-se parcial ou totalmente intransitável por causa de crateras e no terreno não há nenhuma obra com vista a controlar ou anular o processo corrosivo causado, também, pela saturação do solo devido à água das chuvas e à retirada da cobertura vegetal, deixando esta superfície desprotegida das intempéries.

Em Fevereiro do ano em curso, a queda pluviométrica causou a destruição de 10 casas no bairro de Carrupeia e cortou algumas das principais vias de acesso que ligam aquela zona residencial aos restantes bairros periféricos. Consequentemente, devido às crateras, os moradores enfrentam grandes dificuldades para transitarem de um ponto para o outro daquela zona.

Para se defenderem das fúrias das águas das chuvas os moradores recorrem ao uso de material local colocando sacos, paus e resíduos sólidos, como forma de minimizar o desgaste do solo.

Alberto André, um dos moradores daquele bairro, vive numa casa que está prestes a desabar em resultado da degradação da terra. Por temer que o pior aconteça quando estiver a dormir o cidadão abandonou o seu quarto devido a um buraco aberto pela chuva.

De acordo com nosso entrevistado, a falta de valas de drenagem também contribui para aquela situação e no período chuvoso a situação agrava-se. No bairro de Napipine, mas concretamente no quarteirão 14, o cenário é quase idêntico ao de Carrupeia.

Lopes Lagosta, residente naquela região há mais de 10 anos, disse que já não deixa o seu filho ir à escola sozinho, pois teme que ele possa cair num dos buracos e contrair ferimentos.

Nas unidades comunais 3 de Fevereiro e Marien Nguabi, nos bairros de Mutauanha e Namutequeliua, a corrosão de solos é alarmante. Todas as tentativas da população com vista a minimizar os efeitos daquele fenómeno não resultaram. Neste momento recorre-se ao lixo para tapar as crateras, o que constitui um perigo à saúde pública.

Maria Moreno, vereadora para a área de Urbanização no Conselho Municipal da Cidade de Nampula, disse que está a ser criado um plano para o reassentamento em zonas seguras das famílias ameaçadas pela erosão. Todavia, há falta de fundos para a materialização do referido projecto. Até agora foram identificadas 500 famílias que precisam urgentemente de ajuda. “A erosão é um problema muito sério em Nampula; por isso, é necessário que adoptemos melhores práticas de conservação do solo”.

De referir que a cidade de Nampula tem uma população estimada em mais de 500 mil habitantes. O ordenamento territorial é um dos grandes desafios da edilidade.

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