Uma caixa-preta do Airbus A310 da companhia aérea, que caiu na terça-feira no Oceano Índico com 153 pessoas a bordo, foi localizada e as operações de recuperação da peça e de busca por possíveis sobreviventes foram iniciadas, depois do resgate de uma adolescente de 14 anos.
“O sinal da caixa-preta foi localizado na terça-feira por uma patrulha aérea a 40 km das costas da Grande Comoro”, declarou o secretário de Estado francês de Cooperação, Alain Joyandet. Um navio francês deve chegar nesta quarta-feira à região para iniciar as operações de recuperação da caixa-preta. A União das Comores é uma antiga colônia francesa da África independente desde 1975.
Uma das ilhas do arquipélago, Mayotte, ainda faz parte dos territórios franceses de ultramar. No avião viajavam 66 franceses. Dos 142 passageiros e 11 tripulantes que estavam a bordo da aeronave, até o momento apenas uma adolescente de 14 anos, identificada como Bakari Baya, foi encontrada com vida.
A jovem, hospitalizada em Moroni, capital de Comores, em estado pouco preocupante, viajara de Marselha (sul da França) com a mãe, de cuja possível morte ainda não foi informada. “Quando conversei com ela por telefone, perguntou onde estava a mãe. Contamos a ela que estava em um quarta ao lado dela”, afirmou o pai da adolescente à rádio francesa RTL.
Fontes do hospital El Maarouf de Moroni informaram que receberam instruções para receber outro sobrevivente. “Parece que outra criança foi encontrada com vida no início da manhã. Não temos nenhum detalhe sobre ele, porque não o vimos”, afirmou um dos médicos, que pediu anonimato.
Os passageiros do avião, muito deles em viagem a Comores para as férias de verão, embarcaram na segunda-feira em um Airbus A330-200 da Yemenia, que viajou entre entre Paris, Marselha e Sanaa, capital do Iêmen, antes da troca da aeronave para o prosseguimento até Djibuti e Moroni.
O Crescente Vermelho anunciou que tem esperanças de encontrar sobreviventes, mas as operações de resgate podem ser prejudicadas pelo tempo ruimmau. O governo de Comores espera a ajuda de um helicóptero e um navio franceses. A investigação do acidente, que provoca a revolta da diáspora comorense na França, pode avançar rapidamente após a localização de uma das caixas-pretas. Em Paris, um voo com destino a Sanaa da Yemenia, com muitos passageiros que seguiriam para as ilhas Comores, foi bloqueado nesta quarta-feira no aeroporto Charles De Gaulle de Paris por jovens comorenses e decolou com 40 minutos de atraso.
Dos 160 passageiros, quase 60 não embarcaram, alguns porque foram impedidos e outros porque desistiram da viagem. A Yemenia cancelou um voo para Sanaa que deveria decolar nesta quarta-feira do aeroporto de Marselha sem precisar os motivos. Na quinta-feira, uma cerimônia ecumênica será celebrada na Mesquita de Paris em memória das vítimas, na presença do presidente Nicolas Sarkozy.
Criticada pela União Europeia (UE) por não respeitar os parâmetros de segurança e pela comunidade comorense por utilizar aviões que são verdadeiras sucatas em voos fora da Europa, a Yemenia informou em um comunicado que realiza “manutenção regular de acordo com as normas internacionais aplicadas pelas grandes companhias aéreas”.