A chuva que tem caído no Norte de Moçambique está dentro da previsão normal para a época chuvosa que iniciou a 1 de Outubro de 2015 e, apesar das mais de 18 mil pessoas afectadas e 17 mortos registados, o director do Centro Nacional Operativo de Emergência (CENOE), Maurício Xerinda, tranquiliza que porque a situação “ainda não é nada alarmante, está dentro daquilo que está previsto no plano de contingências” do Governo. A principal causa dos óbitos foram as descargas de raios atmosféricos que causaram a morte de onze pessoas.
Quando estiver num campo aberto e a caminhar durante uma tempestade o leitor transforma-se num alvo fácil de raios atmosféricos, as árvores isoladas também não são recomendáveis, e é preciso evitar o contacto com objectos metálicos e lugares com água. Na falta de um abrigo seguro é recomendável deitar-se no chão ou agachar-se para que o seu corpo não seja o ponto mais alto na área. “Se ficar em pé é o primeiro alvo do raio, o corpo fica o ponto mais alto e o raio tem que cair em algum sítio”, explica Maurício Xerinda.
De acordo com o director do CENOE, mesmo que esteja numa zona urbana é preciso ter o cuidado para não usar as torneiras ou chuveiros durante as tempestades, afaste-se das tomadas eléctricas e não use o telemóvel, “são condutores e podes apanhar um choque eléctrico”.
Se estiver a conduzir não saia da viatura, “ficar dentro do carro é o sítio mais seguro pois os carros estão preparados para repelir os raios, porém tenha cuidado em não segurar as partes metálicas” clarifica ainda Xerinda.
Passados mais de três, dos seis meses que dura a época chuvosa em Moçambique, o responsável do Centro Nacional Operativo de Emergência explica que “a situação ainda não é alarmante, está dentro daquilo que são as previsões do plano de contingências, o número de população afectada ainda se situa muito abaixo daquilo que eram as nossas previsões”.
O plano de contingência para época chuvosa e de ciclones 2015/2016 estima em cerca de 485 mil as pessoas que ficariam em risco num “cenário é composto por ameaças de pequena magnitude que, embora sejam localizadas, têm efeitos destrutivos nas camadas populacionais mais vulneráveis. Neste cenário incluem-se os ventos fortes, inundações localizadas nas vilas e cidades e a Seca”.
A chuva que se está a verificar em Cabo Delgado, em Nampula, no Niassa e no Norte da província da Zambézia colocou em situação de risco 18.800 pessoas, de uma previsão de cerca de 75 mil afectados, enquanto a seca que se faz sentir na região Sul de Moçambique afectou 175 mil pessoas, muito perto da 177 mil estimadas no plano de contingências.
“Em Montepuez, na província de Cabo Delgado, 18 casas de material precário foram afectadas, das quais dez ficaram parcialmente destruídas e oito foram totalmente destruídas” declarou o Maurício Xerinda que refere ainda que estas casas ficaram destruídas devido aos materiais precários da sua construção e à localização delas, próximo a cursos de água.
Na província de Cabo Delgado onde 263 casas ficaram danificadas pela chuva a maioria das habitações, 74,4%, têm paredes de paus maticados e 14% de adobe, revela o Inquérito Sobre o Orçamento Familiar de 2014/2015 que ainda mostra que dessas casas 76,8% são cobertas por capim e 21,4 com chapas de zinco. Segundo o director do Centro Nacional Operativo de Emergência se estas habitações fossem feitas com bloco e cobertas com telhas ou lage de betão “não caíam”, devido a estas chuvas e ventos fortes.
O nosso entrevistado revela ainda que existe uma estrada de terra batida que está intransitável no distrito de Muidumbe, na província de Cabo Delgado. “Há uma estrada que está alagada entre os distritos de Quissanga e Metuge” de acordo com Xerinda a inundação deve-se à subida do caudal do rio Messalo, que no dia 5 de Janeiro, “ultrapassou em 5 centímetros o nível de alerta”.
Entretanto, de acordo com o boletim hidrológico nacional desta segunda-feira(11), apesar da precipitação que se regista e da tendência dos caudais subirem – o rio Messalo registou os seus níveis mais altos em 3,40 metros, em Miagaleua, e 1,6 metros, em Nairoto – a situação não é de cheia e mantêm-se abaixo do alerta.
Relativamente ao impacto das chuvas na capital provincial de Cabo Delgado o director do CENOE desdramatiza e afirma que não são situações de emergência, são mais erros de construção. “O problema de inundações em Pemba eu costumo dizer que é um problema doméstico, o canal normal da água foi obstruído pelas construções, algumas muito boas e de 1º andar, e por isso ficaram inundadas. Os próprios moradores abriram canais e água passou, porque não fizeram isto antes de construir? Para nós isto não é emergência” conclui Xerinda.