Grandes empresas japonesas anunciaram, esta Segunda-feira (17), o fecho de fábricas na China e orientaram funcionários estrangeiros a não saírem de casa por causa dos protestos motivados por uma disputa territorial entre os dois países.
A China regista o seu maior surto de sentimento anti-nipónico das últimas décadas. No fim de semana, houve manifestações e ataques contra grandes empresas japonesas, como as montadoras Toyota e Honda.
Os japoneses radicados na China esconderam-se, assustados, e a imprensa estatal chinesa alertou para riscos às relações comerciais entre as duas maiores economias asiáticas. China e Japão tiveram um comércio bilateral de 345 bilhões de dólares, ano passado.
“Não vou sair hoje, e pedi ao meu namorado chinês para ficar comigo o dia todo amanhã”, disse a japonesa Sayo Morimoto, de 29 anos, que faz pós-graduação em Shenzhen.
Hong Lei, porta-voz da chancelaria chinesa, disse que o governo vai proteger as empresas japonesas, e que os manifestantes precisam de respeitar as leis. “As consequências gravemente destrutivas da aquisição ilegal das ilhas Diaoyu estão a emergir firmemente, e a responsabilidade por isso deve ser arcada pelo Japão.”
O Japão irritou o governo chinês, semana passada, ao nacionalizar as ilhas do mar do Leste da China, disputadas há décadas entre os dois países e também por Taiwan. O Japão chama o arquipélago de Senkaku.
O governo japonês nacionalizou as ilhas para evitar que o governador nacionalista de Tóquio as adquirisse e construísse instalações, o que irritaria ainda mais o governo chinês. Em resposta à decisão do Japão, a China enviou seis navios militares de patrulha à região, que contém reservas de gás potencialmente enormes.
Segunda-feira, uma frota com cerca de mil barcos pesqueiros chineses dirigia-se ao arquipélago. Os protestos do fim de semana tiveram como alvo missões diplomáticas japonesas e também lojas, restaurantes e concessionárias de veículos em pelo menos cinco cidades.
A Toyota e a Honda disseram que os incendiários causaram graves danos às suas revendas na cidade portuária de Qingdao. A Toyota disse, no entanto, que as suas fábricas e escritórios funcionam normalmente, Segunda-feira, e que os seus empregados japoneses não foram retirados da China.
Já a Honda anunciou que vai suspender a sua produção no país, Terça e Quarta-feira. A Fast Retailing, maior rede asiática de varejo de moda, disse que fechou algumas unidades da marca Uniqlo da China.
A rede de supermercados Seven & I Holdings decidiu interromper o funcionamento de 13 supermercados e 198 lojas de conveniência na China. A Sony desaconselhou viagens não-essenciais à China.
A Mazda vai suspender por quatro dias a produção de veículos da sua fábrica de Nanjing, operada em sociedade com a Chongqing Changan Automobile e com a Ford. A Panasonic disse que uma fábrica sua permanecerá fechada, Terça-feira, depois de sofrer uma sabotagem de empregados chineses.
A Canon vai interromper a produção de electrónicos em três das suas quatro fábricas na China, Terça-feira, e a empresa aérea ANA relatou ter tido um grande número de cancelamentos nos voos da China para o Japão. A Terça-feira marca o aniversário do início da ocupação japonesa de 1931 em partes da China.