A Confederação das Associações Económicas (CTA) considera que a decisão do Banco de Moçambique (BM) de aumentar o coeficiente de Reservas Obrigatórias em moeda estrangeira de 27 para 36 por cento “pode constituir um susto para a economia” e por isso o sector que deveria ser produtivo, mas na realidade é rendeiro e revendedor apela “para um gradualismo para medidas futuras desta natureza”.
“O aumento da taxa de Reservas Obrigatórias em divisas há-de fazer com que as divisas na posse dos bancos comerciais sejam canalizadas para o banco central, ao fazer fazerem isso, teoricamente pensando, pode significar que há dólares que vão ser canalizados para o banco central, vão escassear no mercado e significa que a pressão sobre a moeda externa vai subir” analisou o presidente do Pelouro de Política Monetária da CTA, Bernardo Cumaio, em conferência de imprensa a propósito da decisão extraordinária que o BM tomou na passada quarta-feira (06).
Cumaio prevê que a decisão do Comité de Política Monetária (CPMO) do banco central deverá continuar a depreciar o Metical. “O nosso principal receio em relação a esta medida é de que, no curto prazo, a moeda nacional deprecie rapidamente e numa dimensão que não se possa reverter, sendo agravada pela tendência de depreciação do Metical face ao Dólar que temos verificado recentemente bem como a redução das reservas internacionais líquidas, que até o início do mês de Fevereiro, ascendiam a USD 2.878 Milhões, correspondendo a uma redução de USD 35 Milhões face ao fecho do ano de 2018”.
“Por outro lado, entendemos que um aumento da taxa de reservas obrigatórias em moeda externa em 900 pontos base é demasiado elevado e pode representar um tremendo choque para o sector financeiro que, num período de tempo não muito longo, pode ser repassado para o sector produtivo. Tendo em conta as decisões tomadas no CPMO havido no passado mês de Fevereiro, que davam indicações de um ambiente de estabilidade macroeconómica, uma medida drástica desta natureza, adoptada 1 mês depois da sessão anterior, pode constituir um susto para a economia. Por isso, no nosso entendimento, a medida poderia ter sido um pouco mais cautelosa, não pelo resultado que se pretende alcançar, mas pela percepção que esta medida lança para a economia”, acrescentou o representante da maior associação de empresários moçambicanos.
Contudo o @Verdade entende que a Confederação das Associações Económicas chegou a estas conclusões partido de premissas equivocadas pois interpretou que a decisão do CPMO “foi motivada pelo agravamento das percepções dos riscos externos resultantes da aceleração do crescimento da economia norte americana e pelas tensões comerciais com a China”.
Economista do sector financeiro explicou ao @Verdade que o Comité de Política Monetária extraordinário deveu-se aos dados preliminares da balança de pagamento, que não estavam disponíveis quando se realizou o 1º Comité de Política Monetária de 2019, a 11 de Fevereiro passado, assim como o Instituto Nacional de Estatística não tinha divulgado os números das Contas Nacionais do 4º Trimestre que mostraram a economia moçambicana em desaceleração.