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Empresários não estão satisfeitos com as medidas do Governo para conter a inflação e desvalorização do metical

Empresários não estão satisfeitos com as medidas do Governo para conter a inflação e desvalorização do metical

Foto de Adérito CaldeiraO presidente da Confederação das Associações Económicas(CTA) manifestou a sua preocupação relativamente às medidas que têm sido tomadas pelo Banco de Moçambique(BM), num curto espaço de tempo, para conter a inflação e a desvalorização de metical em relação ao dólar norte-americanos, “(…)não posso planificar nada neste momento porque não sei o que vai acontecer amanhã” disse Rogério Manuel que chamou de “ridículo” o limite imposto para o uso de cartões de crédito e de débito no estrangeiro. O representante dos “patrões” refutou que esteja a haver especulação e afirmou que as medidas decididas pelo Governo não vão estimular a agricultura. Sobre o preço dos “chapas 100” disse que “já devia ter subido para 21 meticais”.

“Esperava ouvir aqui do Banco de Moçambique algumas acções com essa tendência mas não ouvi e espero que o próximo ano melhore mas não tenho grandes esperanças de termos um ano que possamos ir com tronco e membros, e com a cabeça erguida, teremos que olhar e repensar sobre os investimentos que vamos fazer, porque quando temos o nosso Banco de Moçambique mensalmente a aumentar taxas e a impor regras do jogo ficamos sem saber, a curto ou médio prazo, o que é que vai acontecer. Eu acho que o Banco de Moçambique terá que pensar num médio prazo traçar uma estratégia. Nós só acordamos e vemos no jornal tomou-se esta decisão, ora bem não posso planificar nada neste momento porque não sei o que vai acontecer amanhã como empresário” começou por lamentar Rogério Manuel à margem da cerimónia de encerramento do ano económico de 2015 com o sistema financeiro, que teve lugar nesta quarta-feira(16) na sede do Banco Central em Maputo.

“A outra componente é esta do cartão que não se poder usar mais do que 700 mil meticais (por indivíduo/ empresa por ano civil) é ridículo. 700 mil meticais para qualquer empresário que viaje para os Estados Unidos da América só uma semana para fazer negócios gasta mais do que 700 mil meticais. Não sei onde foram buscar a base para tomar essa decisão, mas é uma coisa que ainda vamos discutir”, disse ainda o representante dos empresários moçambicanos.

Questionado pelo @Verdade sobre as razões do aumento do custo da generalidade dos produtos e serviços, desde que a crise financeira e económica agravou-se em Moçambique, agravamentos que o Governo disse serem especulação e prometeu combate-los o presidente da CTA explicou com um exemplo, “se aquela camponesa que está lá no campo a produzir cacana, na sua machamba, comprava com uma bacia de cacana um quilo de arroz neste momento para comprar o mesmo arroz precisa de produzir duas bacias de cacana; se quer continuar a comprar com uma bacia de cacana vai ter de subir o preço para equipar aquele preço do quilo de arroz que comprava, é tão simples como tal”. “Eu não vejo como especulação porque é aquilo que aquela pessoa faz para poder ter o seu sustento, aquela pessoa lá no campo não produz arroz mas produz cacana, e é através daquela cacana que tem que comprar o arroz”, acrescentou Rogério Manuel.

Para além das medidas tomadas pelo BM o Governo aprovou algumas isenções aduaneiros com o objectivo de minimizar o impacto que algumas importações têm para os empresários. “Ainda no espírito de facilitação e incentivo ao sector privado moçambicano, foi recentemente revista a Pauta Aduaneira, com as seguintes vantagens: Na Agricultura; passa a ser aplicada a taxa zero ou taxa reduzida na importação de reprodutores de raça pura, sementes, adubos e certos equipamentos agrícolas; redução da taxa de Direitos Aduaneiros, de 5% para 2,5%, na importação de tractores agrícolas e florestais” destacou o Presidente Filipe Nyusi.

Contudo o representante do sector privado é céptico “(…)não estou a ver em nenhuma parte, nem o Governo nem o Banco de Moçambique, a falarem sobre o que é que vão na agricultura que é a base de desenvolvimento deste país, porque tem tudo para dar certo. Mas ninguém neste momento está a falar do que é que no concreto de vai fazer para este sector. Será que vão por dinheiro como colateral para que o financiamento na banca comercial baixe os juros, o que é que vai acontecer? Ninguém até este momento disse nada”.

Foto de Adérito CaldeiraRogério Manuel, que é empresário do sector, declarou acreditar no potencial agrícola do nosso país e deixou as necessidades. “Se eu quero fazer agricultura eu tenho que ir a um banco comercial para ir buscar crédito e o crédito é equiparado aos importadores, eu não posso fazer a agricultura com um crédito para importação, é oneroso. Eu estava a espera de ouvir um Banco de Moçambique a dizer que vamos entrar com uma almofada para aquilo que é o risco que os bancos, porque a subida da taxa de crédito é pelo risco e alguém tem que abraçar este risco. O risco só vai para o agricultor, o Governo tem que ter a sua contra-parte para poder baixar o risco na banca comercial”.

“Não estou a ver (a produção agrícola a crescer) sem olharmos para o financiamento. Se houver um financiamento específico direccionado para a agricultura, com taxas de juro muito baixas então sim senhora a agricultura vai aumentar a produtividade” acrescentou o presidente da CTA.

O @Verdade pediu ao representante do “patrões” para projectar o que esperam em 2016. “Eu acredito que não havendo investimentos não haverá aumentos de empregos. E não estou a ver sem clareza a haver investimentos, há muita coisa para se clarificar. Se queremos olhar para a agricultura conforme foi dito é o sector que mais emprega, transportes é um sector que mais emprega, com as várias acções que estão a ser tomadas vai desencorajar muito os investidores. Estou a falar dos tacógrafos que não existe na região, está-se a impor para que em Moçambique comece uma coisa que já foi ultrapassada há muito tempo. Aqui na África Austral ninguém usa, pura e simplesmente empresas que queiram controlar os seus motoristas por iniciativa própria. Mas o Governo que forçar com que as empresas passem a usar o tacógrafo, porque é mais uma porta para a corrupção. Na estrada, a cada cinco minutos, o camião vai ser mandado parar para ver o tacógrafo por qualquer polícia que assim o entender. E vai levar mais tempo para chegar ao destino, vai aumentar o stress para os próprios motoristas na estrada.”

Ainda sobre o sector de transporte, sobre os transportes públicos nos centros urbanos Rogério Manuel foi taxativo, “já foi definido há mais de quatro anos aquilo que deveria ser a tarifa para o negócio ser viável, é esse o motivo que não existe aqui na cidade transportes, é o motivo porque o Governo todos anos investe para os TPM e os autocarros ficam arrumados, não é má gestão mas porque aquilo que é pago pelo passageiro não chega mesmo para própria operação do autocarro. Já devia custar 21 meticais a tarifa do transporte urbano na cidade até 30 quilómetros, existe um estudo já feito há quatro anos e entregue ao Governo que ainda não tomou a decisão sobre como implementar essa tarifa. Havia a discussão com a Federação dos Transportes sobre aquilo que seria, para estudantes e trabalhadores, o que o Governo iria suportar, mas até agora ainda não decidiu. Portanto subir o preço, já devia ter subido”, concluiu o presidente da Confederação das Associações Económicas.

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