A Empresa Nacional de Hidrocarbonetos (ENH) tem como principal desafio para os próximos tempos o aumento das reservas de gás natural com vista a proporcionar uma solução face à escassez e carestia de combustíveis em Moçambique e no mundo.
Para o efeito, segundo o Presidente do Conselho de Administração (PCA) da ENH, Nelson Ocuane, a empresa propõe-se a intensificar a pesquisa e produção do gás natural, identificar novas oportunidades de negócio para a comercialização do gás natural e condensado e avaliar e comercializar o gás natural descoberto nas bacias moçambicanas, com particular destaque na Área 1 da Bacia do Rovuma.
A ENH estabeleceu igualmente como prioridade a implementação do Projecto de Distribuição de Gás Natural em Maputo e Marracuene, que vai possibilitar o incremento do consumo de gás natural em Moçambique e redução das importações de combustíveis com um forte impacto na balança de pagamentos.
Outra aposta tem a ver com a necessidade de expandir o Projecto de Distribuição de Gás Natural no Norte da Província de Inhambane, região onde está em curso o mega-projecto de exploração e processamento de gás natural, através da multinacional petroquímica, a Sasol.
Ocuane revelou este facto, Segunda-feira última, em Maputo, durante a Gala dos 30 anos da ENH, que contou com a presença do Chefe de Estado moçambicano, Armando Guebuza e vários convidados.
Recordando os 30 anos da ENH, criada a 3 de Outubro de 1981, Ocuane realçou a grande evolução que a empresa registou ao longo deste tempo, não obstante as adversidades com que foi se deparando no desenvolvimento das suas actividades, particularmente na década de 80 e princípios de 90, período marcado pela guerra no país.
Assim, segundo Ocuane, a carteira de investimentos da ENH tem evoluído substancialmente ao longo da sua história. A título de exemplo, os primeiros investimentos realizados nos anos 80 pela empresa eram na ordem de 30 milhões de dólares norte-americanos, mas, actualmente, estes ascendem a 420 milhões de dólares, dos quais 270 milhões foram investidos no empreendimento de Pande e Temane, e cerca de 150 milhões de dólares na pesquisa de hidrocarbonetos.
Com vista a garantir a participação dos moçambicanos em investimentos no sector de hidrocarbonetos, em 2008, foi feita uma oferta pública de venda de dez por cento da participação da ENH no capital social da Companhia Moçambicana de Hidrocarbonetos (CMH), operação que, segundo Ocuane, permitiu que 1.305 empresas e cidadãos moçambicanos se tornassem accionistas da CMH, cujos retornos já começaram a verificar-se.
No âmbito da responsabilidade social, “a ENH tem contribuído com várias acções em apoio às comunidades onde desenvolve as suas actividades, ajudando as comunidades com furos de água, reabilitação de escolas, hospitais e ainda no desporto”.
A história da ENH começa na década 80, com a realização de actividades de aquisição sísmica e perfuração na localidade de Pande, distrito de Govuro, na província de Inhambane, Sul do país.
Para tal, rubricou acordos de assistência técnica e cooperação com algumas empresas do ramo, de países como a extinta União Soviética.
Este país apoiou a ENH na formação de quadros nacionais em diversas áreas, bem como no fornecimento de equipamento de sondagem e de perfuração, tendo os primeiros quadros formados na área de petróleos regressado ao país em 1983.
De 1988 até 1996, a ENH foi operadora no Bloco de Pande, tendo efectuado a avaliação das reservas de gás natural naquele Bloco, descoberto nos anos 60. A década 90 foi profundamente marcada pelo estabelecimento de infraestruturas para o desenvolvimento de hidrocarbonetos.
A partir de 1992, a ENH estabeleceu uma rede de distribuição de gás natural nos distritos de Govuro, Inhassoro e Vilankulos, todos na província de Inhambane. “Neste momento, a rede abastece gás natural a 187 consumidor, dentre residências, hospitais e indústrias”, revelou.
De 2000 a 2004, destaca-se a construção e operação do gasoduto de Temane a secunda, da Central de Processamento de gás em Temane e o início da produção comercial de gás natural.
Em 2010/2011 foram feitas quatro descobertas importantes de gás natural na Bacia do Rovuma, província nortenha de Cabo Delgado, estando neste momento a avaliar-se as reservas.