A palavra empreendedorismo foi utilizada, pela primeira vez, pelo economista Joseph Schumpeter em 1950 como sendo uma pessoa com criatividade e capaz de fazer sucesso com inovações. Mais tarde, em 1967 com K. Knight e em 1970 com Peter Drucker foi introduzido o conceito de risco, uma pessoa empreendedora precisa de arriscar em algum negócio.
E em 1985 com Pinchot foi introduzido o conceito de Intra-empreendedor, uma pessoa empreendedora mas dentro de uma organização. O empreendedorismo começa no espírito empreendedor. Para que tal aconteça há que, desde cedo, estimular competências pessoais no sentido de criar cidadãos activos na sociedade. A palavra empreendedor (entrepreneur) tem origem francesa e quer dizer aquele que assume riscos e começa algo de novo. Segundo Robert Menezes, o “Empreendedorismo é a arte de fazer acontecer com motivação e criatividade”.
O empreendedorismo pode ser visto sob diversas perspectivas, tomando como exemplo a visão dos economistas; estes vêem o empreendedor como uma força de mudança. Tendo em vista uma perspectiva futura, podemos observar que o emprego para toda a vida já não existe e, por isso, é fulcral começar-se a pensar na hipótese de gerarmos o nosso próprio emprego. Daqui nasce a necessidade de sermos cada vez mais adaptáveis, flexíveis e empreendedores.
Tendo em conta a complexidade do processo de empreender sugerimos como prioridade a identificação de uma oportunidade para a criação de uma empresa ou para a implementação de um projecto. Por isso, é importante estarmos atentos às oportunidades adquirindo esse hábito. Para nos facilitar esta tarefa podemos ter em mente algumas questões, como: E se isto se fizesse desta maneira em vez daquela?; O que é que falta aqui para que este serviço ou produto dê mais satisfação a quem o utiliza?; Porque é que isto ou aquilo não existe?; Quem vai necessitar do quê e quando?; etc. Quando detectamos a tal oportunidade, devemos, então, criar um produto ou serviço que melhor a capitalize, ou seja, criar um bom “conceito de negócio”.
Devemos de seguida, verificar se existe mercado para o “conceito de negócio” criado, ou seja, antes de se criar juridicamente a empresa deve-se certificar de que irá ter um volume de negócios suficiente para se sustentar durante pelo menos um ano. Não pensando num único cliente, mas em muitos mais, para o caso de alguns falharem. Igualmente importante será a procura de provas e certezas concretas de que o mercado é portador e não apenas impressões de que ele está receptivo.
Ao longo do processo, podem ocorrer erros, por isso, é essencial que se façam ajustamentos e que se certifique várias vezes se o mercado corresponde, para que se possam efectuar correcções e ainda tirar o melhor partido destas. Outro passo importante é a identificação dos recursos (materiais e humanos) de que se necessita para iniciar e desenvolver o projecto e ainda a forma de os adquirir. Nesta fase torna-se importante a descoberta de meios financeiros para viabilizar o projecto. Esta fase torna-se mais fácil de realizar, aquando da existência de uma rede de relações (criar parcerias e protocolos com grandes, médias, ou pequenas empresas) e da criação de uma equipa de trabalho.
Após a constituição da equipa de trabalho esta deve reunir-se com a intenção de criar a sua marca e posteriormente registá-la. Esta deve ser apelativa ao mercado, visto que todo o modelo de negócio se constrói em torno desta. Seguidamente, devemos elaborar as previsões financeiras para assegurarmos a rentabilidade do nosso projecto. Portanto, devemos preocupar-nos sobretudo com os fluxos: de tesouraria, de clientes e de outros activos, e devemos, ainda, prever necessidades de autofinanciamento para os primeiros anos de vida que façam corresponder os prazos de permanência dos capitais dentro da empresa a essas necessidades.
O autofinanciamento é uma necessidade de longo prazo e deve ser suportado por capitais de longo prazo. Será também importante que o plano de negócios seja redigido pelo próprio empreendedor, visto que é a pessoa que melhor conhece o projecto. Esta redacção é essencial para que se reflicta sobre as decisões tomadas e que sirva para uma orientação futura. Portanto, por negócio entendemos que este deve ser único (novidade), abrangente (variáveis estratégicas), consistente (coerente), exequível (realizável) e sustentável (com melhor potencial). O próximo passo a ser concretizado é a implementação do projecto, tendo como base uma cultura organizacional, iniciando desta forma a actividade. Para tal é necessário um estudo constante do mercado a fim de se verificar se estamos a trabalhar nas melhores condições.
Por exemplo: quando se dão mudanças na sociedade é imprescíndivel, através de uma visão crítica, adequá-lo. A implementação do projecto implica a gestão da empresa. Para levá-la a “bom porto” é fundamental manter-se a motivação, o esforço e o entusiasmo a níveis elevados. Todas estas etapas mencionadas anteriormente não valem por si só, necessitam de ser acompanhadas pelo denominado esprit d’entreprise (“espírito de empreendedorismo”).
Esta dinâmica só se realizará na economia se toda a sociedade no seu conjunto adquirir formas de raciocínio e comportamentos que aceitem e promovam a actividade empreendedora. Para se ser um verdadeiro empreendedor há que reunir algumas características, tais como: a motivação (o empreendedor automotiva-se e age com liberdade); no que diz respeito à realização de actividades, este não teme “arregaçar as mangas” e trabalhar em equipa; as competências que possui são a nível dos negócios, gerências e políticas; tem como interesses as tecnologias e o mercado; aprende com os erros que comete; tem a sua própria visão e decisão; caso não esteja satisfeito com o sistema, constrói o seu próprio e, ainda, estabelece relações com fins de negociação.
Resumindo, um empreendedor deve: autoconhecer- se, possuir um perfil adequado, dominar os processos internos para gerar inovação e criatividade, aprender a desenvolver a sua visão e a identificar oportunidades, estabelecer relações que possam servir de suporte ao desenvolvimento da ideia de negócio, reunir e avaliar todas as condições para elaborar um plano que seja exequível, flexível, alcançável e por fim deve ainda apresentar uma boa capacidade para negociar e apresentar uma ideia. Lembre-se: procurar e estudar informação para o seu negócio é fundamental, mas saiba quando terminar e não se deixe envolver demasiado pela pesquisa. Não se esqueça da razão que, em primeiro lugar, o levou a efectuar essa investigação e devote- se a concretizá-la, pois o empreendedorismo tem um segredo: fazê-lo!