O Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) está a estudar a introdução dos sistemas de transmissão de resultados eleitorais via sms e acesso aos mesmos via internet, em simultâneo com a transmissão dos referidos resultados pelos órgãos eleitorais moçambicanos.
A sua introdução tem em vista reduzir o elevado tempo de espera na divulgação dos resultados “levando a que muitos eleitores desconfiem de algo anormal estar a ser cozinhado pelos órgãos eleitorais no sentido de alterar os resultados das eleições”, justificou a engenheira Helena Garrine, chefe do Departamento das Operações do STAE.
Contudo, não indicou se estes novos sistemas começarão a ser usados a partir dos próximos pleitos eleitorais de 2013 (eleições autárquicas) e de 2014 (eleições presidenciais e legislativas), acentuando apenas que a sua introdução constitui um dos desafios dos órgãos eleitorais moçambicanos.
Como pontos críticos dos processos eleitorais moçambicanos, Garrine apontou o elevado número de votos nulos e elevada taxa de abstenção, para além do persistente desacordo entre as formações políticas da FRELIMO, RENAMO E MDM atinente ao artigo 85 que trata da forma de Suprimento de Divergências.
A falta de acordo prevalece no decorrente processo de revisão da legislatura eleitoral levado a cabo pela Assembleia da República (AR).
Software & hardware
Por outro lado, Garrine apontou como desafios contínuos dos órgãos eleitorais as melhorias a introduzir no software e hardware, aproximação cada vez mais dos postos de recenseamento ou de votação aos aglomerados populacionais e melhoramento das condições logísticas, principalmente, em infra-estruturas.
Bipolarização
Por seu turno, o director-geral do STAE, Felisberto Naife, analisando a participação dos partidos políticos nos processos eleitorais em Moçambique, disse haver sempre bipolarização entre a FRELIMO e a RENAMO, apesar de, nas quartas eleições gerais de 2009, o MDM ter-se feito representar na Assembleia da República (AR).
Ajuntou que, apesar de muitos partidos terem sido criados após a assinatura dos Acordos Gerais de Paz, em 1992, “a sua expressão no Parlamento tem sido quase nula” e que os considerados pequenos partidos “têm sistematicamente reclamado a falta de fundos para o seu funcionamento, o que se traduz na pouca visibilidade das suas acções nos períodos póseleitorais”.
Naife e Garrine falavam, Sexta-feira e sábado últimos, na vila da Namaacha, durante um seminário sobre aspectos eleitorais com a participação de cerca de 20 editores e outros jornalistas seniores de diferentes órgãos de comunicação social da cidade e província do Maputo e dirigentes do STAE a nível central.