Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

 
ADVERTISEMENT

Em vez de cercos sanitários Moçambique precisa reduzir “mobilidade de uma casa para outra, nós não podemos visitar familiares”

Em vez de cercos sanitários Moçambique precisa reduzir “mobilidade de uma casa para outra

Foto de Adérito CaldeiraApós quase 3 meses e meio de Estado de Emergência a propagação do novo coronavírus aumentou para 13 casos por milhão de habitantes, a positividade acelerou para 3 por cento e a estratégia do Ministério da Saúde continua a ser de reduzir “o padrão de transmissão, para achatarmos a curva e atrasarmos o pico”. Porém o Dr. Eduardo Samo Gudo Júnior deixou claro que atrasar o pico da covid-19 depende dos moçambicanos e não de cercos sanitários. “Quando falamos de redução da mobilidade falamos de redução da mobilidade de uma província para outra, redução da mobilidade de uma cidade para outra, redução da mobilidade de um bairro para outro, redução de mobilidade de uma casa para outra, nós não podemos visitar familiares”.

No início da 13ª semana epidemiológica o director-geral adjunto do Instituto Nacional de Saúde revelou que a pandemia que dilacera o globo está a acelerar no nosso país. “Na semana passada Moçambique tinha cerca de 7 casos por milhão de habitantes, até dia 5 (de Maio) passaram a ser 11 casos por milhão de habitantes, houve um avanço importante em termos de números de casos por milhão de habitantes, se a actualização incluísse os dados de hoje seriam 13 casos por milhão de habitantes. Na semana passada era um dos países que tinha menos casos, avançou duas posições, superou Tanzania e superou a Namíbia”.

O Dr. Samo Gudo explicou em conferencia de imprensa neste domingo (07) que “o número de casos num país indicam a magnitude da epidemia, qual é o tamanho dela no entanto não é a única variável que tem que ser avaliada quando se interpreta a epidemiologia (…) olhamos também para a velocidade, qual é a tendência, será que embora tenha um menor numero de casos, comparando com outras regiões do globo, será que a tendência é lenta ou rápida, e a média mundial é de mais de 1 mês, 35 dias é o tempo que o mundo leva para duplicar o número de casos. Moçambique está com uma média de 13 dias para duplicar de casos, na semana passada a média era de 15 dias”.

“Na semana passada Moçambique estava entre os 35 países que apresentavam o número de dias para duplicação mais curto, hoje, passados 7 dias, estamos entre os 20 países, avançamos 15 posições entre os países onde o ritmo é mais acelerado”, declarou o epidemiologista moçambicano. De acordo com a fonte após a realização de 14.010 testes e do diagnóstico de 424 indivíduos “a nossa média hoje da taxa de positividade é de 3 por cento, há uma semana era de 2,3 por cento, significa que a proporção de indivíduos positivos entre aqueles que estamos a testar está a aumentar, em consonância com a aceleração da nossa epidemia”.

“O mês de Maio teve 31 dias e terminou com 178 casos, o maior verificado, hoje estamos no 7º dia de Junho e já estamos com 170 casos”, constatou o director-geral adjunto do Instituto Nacional de Saúde que assinalou também que “a epidemia começa a ser dominada por casos da vigilância activa, representam 51 por cento dos casos diagnosticados”.

“Temos que atrasar esse pico para um momento em que estejamos já mais preparados, principalmente para um momento em que já exista um tratamento”

O Dr. Eduardo Samo Gudo Júnior actualizou que o perfil dos doentes da covid-19 em Moçambique continua a ser “de jovens e adultos, no entanto começamos a ver um incremento em crianças e também em idosos. Há uma transição do perfil epidemiológico dos pacientes que diagnosticamos com tendência para indivíduos com sintomatologia leve e alguns moderados”.

O director-geral adjunto do Instituto Nacional de Saúde admitiu que as autoridades não sabem como o novo coronavírus propagou-se para a Província de Nampula, o novo epicentro da pandemia, e diante dos reiterados pedidos de cerco sanitário para a chamada capital Norte o Dr. Samo Gudo recordou que no Decreto Presidencial que impõe o Estado de Emergência existe uma alínea que determina “Limitar a circulação interna de pessoas em qualquer parte do território nacional”.

“Quando falamos de redução da mobilidade falamos de redução da mobilidade de uma província para outra, redução da mobilidade de uma cidade para outra, redução da mobilidade de um bairro para outro, redução de mobilidade de uma casa para outra, nós não podemos visitar familiares, não é recomendável visitar familiares, não é recomendado fazer deslocações desnecessárias”, afirmou o epidemiologista moçambicano.

Relativamente a estratégia de atrasar o pico da pandemia da covid-19 para Janeiro/ Fevereiro de 2021 o Dr. Eduardo Samo Gudo Júnior reconheceu “este é um vírus novo, então nós temos de evitar fazer futurismo, é verdade que usamos abordagens de modelagem para tentar entender, mas é um vírus que nós mais desconhecemos dele do que conhecemos. No entanto a mensagem chave aqui a deixarmos é controlarmos a epidemia, reduzirmos o padrão de transmissão, para achatarmos a curva e atrasarmos o pico”.

“Um pico precoce pode colapsar o sistema de saúde e conduzir a um numero muito elevado de infecções num curto espaço de tempo. Achar a curva significa termos um numero baixa de casos ao longo do tempo. O pico é o pior momento de uma epidemia, é o momento que o número de casos por dia será o mais elevado e muitas vezes e muitas vezes o número de internamentos e de óbitos é também o mais elevado. Temos que atrasar esse pico para um momento em que estejamos já mais preparados, principalmente para um momento em que já exista um tratamento pelo menos de modo a que tenhamos pelo menos uma ferramenta eficaz para enfrentar o referido pico. Quando vai acontecer o pico, o quão nós conseguiremos atrasar o pico a resposta está em todos nós, se nós cumprirmos com as medidas certamente iremos achatar a curva, que é uma epidemia lenta e iremos atrasar o pico, que é um pico tardio”, argumentou.

WhatsApp
Facebook
Twitter
LinkedIn
Telegram

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

error: Content is protected !!