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Em plena crise económica receitas dos casinos cresceram mais de 60 por cento em Moçambique

Em plena crise económica receitas dos casinos cresceram mais de 60 por cento em Moçambique

Foto de Adérito CaldeiraDesde que a crise económica iniciou em Moçambique uma das receitas fiscais que consistentemente tem vindo a aumentar é o Imposto Especial sobre o Jogo que incide sobre a actividade dos quatro casinos a operarem no nosso país. “As pessoas vão em busca de um investimento que presumivelmente o retorno é rápido” revelou ao @Verdade o Inspector Geral de Jogos, António Almeida, precisando que só no 1º trimestre de 2018 o crescimento foi de cerca de 45 por cento, comparativamente a igual período do ano passado, entre 2015 e 2017 as receitas aumentaram mais de 60 por cento.

Quando em 2010 o então Governo do partido Frelimo, dirigido por Armando Guebuza, decidiu rever a Lei de Jogos de Fortuna ou Azar poucos terão imaginado o potencial de receitas fiscais que seriam gerados principalmente neste tempos de crise económica e financeira em que o país foi mergulhado.

Foto da página do Casino Marina Maputo no facebookO @Verdade apurou que no ano de 2015, anterior a crise, a Autoridade Tributária, através da Inspecção Nacional de Jogos, arrecadou com o Imposto Especial sobre o Jogo, que varia entre 20 e 35 por cento da receita bruta da exploração dos casinos após os pagamentos dos ganhos aos jogadores, 178.956.725,69 meticais.

Em 2016, o primeiro ano da crise, a receita do Imposto Especial sobre o Jogo cresceu para 255.853.003,47 meticais e no ano seguinte o Estado embolsou 295.965.462,34 meticais, um crescimento superior a 60 por cento desde 2015.

“De facto a actividade de jogo tem sido bastante procurada por investidores. Também se denota bastante o crescimento da actividade dos jogos sociais e diversão. Isso deve-se fundamentalmente da abertura do mercado ao sector privado, isto é alteração da própria lei”, clarificou António Almeida.

O Inspector Geral de Jogos esclareceu que: “A lei anterior só permitia a empresas sem fins lucrativos a exploração destes jogos, com a entrada em vigor em 2012 da nova lei e que permite ao sector privado entrar para explorar essa actividade e contribuindo com parte da receita para a aplicação em fins altruístas (…) em vez de colocar uma entidade sem fins lucrativos que não tem efectivamente perfil comercial para explorar a actividade, aliás algumas delas nem sequer tem a capacidade financeira nem técnica para o fazer”.

Almeida aludia a Lei n.º 1/2010, de 10 de Fevereiro, cujo Regulamento, revisto pelo Executivo em 2017, passou a permitir a convivência de casinos numa distância de 100 metros contra os anteriores cinco quilómetros.

“As pessoas vão ao casino a busca de um investimento que presumivelmente o retorno é rápido”

Questionado pelo @Verdade onde é que os jogadores arranjam dinheiro, tendo em conta a crise que enfrentamos, o Inspector Geral de Jogos revelou que: “A questão que se coloca não onde as pessoas vão buscar o dinheiro mas o facto é que elas já o tem. O que está em causa neste momento é onde investir”.

Foto da página do Casino Marina Maputo no facebook“As pessoas vão ao casino a busca de um investimento que presumivelmente o retorno é rápido. Em vez de investirem na industria que o retorno é mais lento eles buscam no jogo o investimento de retorno imediato”, explicou António Almeida que referiu que é um fenómeno global haver mais apetência para os jogos de Fortuna ou Azar em tempos de crise, “as opções são poupança fazendo aplicações financeiras ou aplicar no jogo”.

O Inspector Geral de Jogos revelou em exclusivo ao @Verdade que até Maio de 2018 a instituição que dirige registou um aumento de receitas de cerca de 45 por cento, comparativamente a igual período do ano passado. “Até Maio de 2017 tínhamos colectado em Imposto Especial sobre o Jogo 121.919.575,92 meticais, até Maio de 2018 colectamos 176.963.862,35 meticais de Imposto Especial sobre o Jogo”.

Relativamente a possibilidade dos casinos em Moçambique estarem a ser usados para a “lavagem” de dinheiro obtido ilicitamente Almeida explicou que estas casas de jogo funcionam em observância da lei de branqueamento de capitais que, dentre outras normas, define montantes a partir dos quais é preciso que o casino registe o jogador e reporte ao Gabinete de Informação Financeira de Moçambique. Além disso existe sempre um inspector de Jogos presente desde o momento em que o casino abre até ao seu encerramento, todos os dias.

Quatro concessionárias de casino mas apenas três operam em Maputo, Beira e Nampula

Foto de Adérito CaldeiraZhao Yao Jiang, director da Sogecoa Moçambique, accionista da empresa Casino Marina Mozambique, que gere os Casino Marina Maputo e o Casino Marina Beira, revelou ao @Verdade que “os jogadores são na maioria estrangeiros, a maior parte vem da China, alguns da Índia e outros do Pasquistão, temos também alguns sul-africanos”.

É que a Lei de Jogos de Fortuna ou Azar proibe a entrada nos casinos em Moçambique a menores de 18 anos de idade; membros do governo; funcionários públicos e bancários com funções de caixa, tesoureiro ou gestor; dirigentes das repartições fiscais; magistrados do ministério público e autoridades policiais; titulares dos órgãos de soberania, deputados da Assembleia da República e membros das comissões com competências específicas nesta matéria; e os membros das forças armadas e das corporações paramilitares fardados quando não se encontrem em serviço.

Em Moçambique quatro empresas possuem concessão para explorar casinos contudo António Almeida precisou que estão a operar apenas três o Casino Polana (o mais antigo que funciona na cidade de Maputo), o Casino Marina Maputo (instalado no hotel Glória, na cidade de Maputo), o Casino Marina Beira (que funciona no hotel Golden Peacok, na cidade da beira) e o Casino de Nampula (que está instalado no hotel Girassol, na cidade de Nampula).

Almeida revelou ao @Verdade que a Sociedade Gestora de Casinos, que opera o Casino de Nampula desde 2016, tem também concessão para instalar um outro casino na cidade de Pemba e que deverá funcionar no hotel Cabo Delgado, actualmente em reabilitação.

A Final Holding é a quarta empresa com concessão para operar casinos em Moçambique, particularmente nas cidades da Matola e de Tete.

Casino Marina financia reabilitação de estrada na cidade da Beira

Para garantir a continuidade do seu negócio, e quiçá aumentar ainda mais as suas receitas, o Casino Marina Beira decidiu financiar a reabilitação da estrada que dá acesso ao seu estabecimento na capital da província de Sofala.

“(…)O troço entre o Aeroporto da Beira e a cidade a estrada não estava com boa condição, quando chove fica com muitas covas e isso dificulta muito a transitabilidade dos nossos clientes e também dos turistas que passam pelo bairro do Estoril, então neste momento em nome da responsabilidade social do Casino Marina Beira nós gostaríamos de trabalhar junto com o Ministério da Cultura e Turismo para fazer a reabilitação desse troço da estrada” anunciou Zhao Yao Jiang na passada sexta-feira (01) em Maputo.

O director da Sogecoa Moçambique acrescentou que após os estudos de viabilidade a reabilitação dos 6 quilómetros da estrada foi orçada em aproximadamente 1,8 milhão de dólares norte-americanos que embora estejam muito acima da responsabilidade social da empresa tem o obejctivo de “elevar a condição de transitabilidade e aumentar o negócio do hotel e do casino e aumentar os impostos”, disse Zhao Yao Jiang.

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