Para obter produtos de primeira necessidade, tais como arroz, farinha de milho, óleo alimentar, peixe fresco, carne e tantos entre outros, os residentes da vila-sede do distrito de Meconta, a cerca de 80 quilómetros da cidade de Nampula, devem forçosamente dirigirem-se à capital provincial ou viajar pelo menos 20 quilómetros para a vila de Namialo, o que tem sido um autêntico martírio. Em Meconta, o negócio está “moribundo”, os estabelecimentos comerciais foram transformados em ruinas e vários mutuários do Fundo de Desenvolvimento Distrital (FDD), vulgo “sete milhões”, encontram-se em parte desconhecida com muito dinheiro por devolver ao Estado.
Escalar a vila-sede de Meconta, onde a actividade comercial é maioritariamente controlada pelos vendedores informais, exige resignação e fôlego. Existe apenas um restaurante para tomar refeições, mas sem capacidade de satisfazer às exigências de quem viaja para aquele ponto por algum motivo, seja de trabalho ou não. O mesmo acontece com os locais de hospedagem, há um estabelecimento para o efeito, com seis quartos.
Moura Jorge, administrador do distrito de Meconta, reconheceu os efeitos negativos da falta de infra-estruturas comerciais, do facto de o negócio ser muito pouco pujante e explicou que, relativamente ao abandono de certos estabelecimentos e sua transformação em ruinas, é que os donos recusam cedê-los a pessoas com capacidade financeira para a sua exploração.
Segundo ele, apesar do subaproveitamento dos espaços em alusão pelos proprietários, não se pode arrancá-los à força, mas, sim, recorrer a mecanismos legais.
Aliás, há donos dos estabelecimentos comerciais que beneficiaram do FDD mas que não aplicaram o dinheiro nos projectos que visavam reactivar as suas actividades. Esta situação ditou o aumento de créditos não reembolsados pelos mutuários.
Estima-se que dos cerca de 99 milhões de meticais que o governo do distrito de Meconta recebeu no âmbito do FDD, desde que este processo iniciou, foram reembolsados apenas 2.5 milhões de meticais, e não há perspectivas de recuperação do valor que se encontra nas mãos dos devedores, por não se saber o paradeiro dos mesmos, disse Moura Jorge.
A existência de estabelecimentos comerciais abandonados, para além de dar mau aspecto à vila-sede, o governo local perde grandes somas de dinheiro que seria proveniente das receitas colectadas em resultado do funcionamento de tais lojas. E haveria criação de postos de emprego, bem como estaria assegurado o fornecimento de produtos básicos à população local, contou o administrador.
No que tange a receitas, em 2015 o distrito de Meconta colectou 3.5 milhões de meticais. Para este ano, as projeções apontam para 4.392.676 meticais e grande parte deste valor virá da vila de Namialo, que detém muitas unidades industriais.
Em Meconta, o governo abriu uma loja para o fornecimento de sementes agrícolas no âmbito do que considera mobilização dos agentes económicos para a reactivação da actividade comercial.