A empresa pública Portos e Caminhos de Ferro de Moçambique (CFM) está a elaborar um plano-director para o Porto de Pemba, em Cabo Delgado, para manusear cerca de 1,2 milhão de toneladas/ano de carga para exploração de gás natural a ser produzido, a partir de 2018, na bacia do Rio Rovuma, mais concretamente no distrito de Palma.
O plano está a ser elaborado depois da descoberta, de 2010 a 2011, de entre 33 e 38 triliões de pés cúbicos de gás natural naquela região pelas companhias petrolíferas multinacionais Anadarko Petroleum e ENI, segundo Adelino Mesquita, administrador executivo da empresa CFM, acrescentando que a elaboração do plano está a ser feita em colaboração com “parceiros estratégicos” que não especificou.
Entre vários itens a serem preenchidos no referido plano-director figuram a definição clara do papel da empresa CFM na logística da venda de gás de Palma, dentro e fora do país, o tipo de preparativos necessários para o Porto de Pemba para receber o gás das plataformas para ser exportado e para o tráfego de gás ao longo da costa marítima moçambicana e ainda os volumes de exportação do produto que podem atingir os 50 milhões de toneladas/ano, “dependendo, evidentemente, dos planos dos produtores de gás e da evolução do mercado global de gás”, enfatizou Mesquita.
O director executivo dos CFM falava semana finda durante a terceira conferência internacional e exposição da Associação dos Caminhos de Ferro da África Austral (SARA), que terminou na última quinta-feira, em Maputo.
Participaram no evento representantes de empresas dos caminhos de ferro da África Austral, particularmente.
No documento será definido claramente o papel dos CFM na logística das outras indústrias/megaprojectos relacionados com gás, como a empresa planeia suportar o fornecimento dos insumos e a exportação dos produtos da exploração de gás e como é que as percentagens das vendas serão colocadas no mercado local e regional e como responder à necessidade de frotas ferroviárias específicas para este tráfego especializado e ainda as datas do início das operações das indústrias a surgirem com a produção do gás natural, em Cabo Delgado, para se poder determinar as acções que os CFM precisam de realizar para corresponder às necessidades dessas mesmas indústrias.
Mesquita enfatizou ainda na sua apresentação que “tudo isto é crucial para planificar os terminais portuários onde o gás vai ser necessário”, e acrescentou que haverá pequenas centrais de geração de energia à gás e consumo doméstico de gás que poderão necessitar deste recurso nos portos de cabotagem, devendo a empresa CFM, em parceria com os sectores público e privado, responder às necessidades com infra-estruturas apropriadas.