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Em desespero, moradores deixam a capital do Nepal com medo de réplicas do sismo que matou mais de 4 mil pessoas

Milhares de pessoas começaram a deixar a capital do Nepal, Katmandu, nesta segunda-feira (27), à medida que o medo se disseminava depois de dois dias de réplicas do terramoto que matou mais de 4.310 pessoas, a par de uma crescente escassez de água e comida.

Um funcionário do Ministério do Interior informou que as autoridades não têm conseguido manter contacto com algumas das áreas mais afectadas naquele país montanhoso. A estimativa é a de que o número total de mortos possa chegar a 5.000.

As estradas de saída de Katmandu ficaram cheias de gente, incluindo pessoas que levavam ao colo. Muitas tentavam conseguir lugar em autocarros ou conseguir boleias em carros e camiões para as planícies. Enormes filas formaram-se no Aeroporto Internacional de Tribhuvan, na cidade, com turistas e moradores desesperados a tentarem apanhar um voo para fora do país.

“Estou disposto até mesmo a vender o ouro que eu estou a usar para comprar uma passagem, mas não há nada disponível”, disse Rama Bahadur, uma indiana que trabalha na capital do Nepal.

Boa parte do um milhão de habitantes de Kathmandu tem dormido ao relento desde o terramoto de sábado (25), ou porque as suas casas foram destruídas ou por estarem aterrorizados com as réplicas, pois temem que possam ocorrer novos desabamentos.

“Estamos a fugir”, disse Krishna Muktari, que dirige uma pequena mercearia na cidade de Katmandu, parado numa grande intersecção da estrada. “Como se pode viver aqui? Eu tenho filhos, e eles não podem estar a correr para fora de casa todas as noites.”

Sobrecarregadas, as autoridades estavam a tentar lidar com a escassez de água potável, alimentos e electricidade, bem como com a ameaça de doenças. O Governo declarou Estado de Emergência e apelou por ajuda internacional.

“O grande desafio é a ajuda”, disse o secretário chefe Leela Mani Paudel, o mais alto funcionário do Governo do país. “Pedimos aos países estrangeiros que nos doem material especial de socorro e enviem equipas médicas. Estamos realmente desesperados e a tentar obter mais apoio especializado do exterior para lidar com esta crise.”

No alto do Himalaia, num acampamento base no Monte Everest onde estavam centenas de alpinistas, uma enorme avalanche após o terramoto matou 17 pessoas, no pior desastre do género a atingir a montanha mais alta do mundo.

As equipas de resgate, ajudadas pelo tempo límpido, usaram helicópteros para retirar dezenas de pessoas presas em altitudes mais elevadas, duas de cada vez.

As pessoas doentes e feridas estavam deitadas ao ar livre, em Katmandu, por falta de camas nos hospitais da cidade devastada. Cirurgiões montaram uma sala de operações dentro de uma barraca no terreno da Faculdade de Medicina de Katmandu.

Por toda a capital e arredores famílias exaustas colocaram colchões diante das casas, nas ruas, e ergueram barracas para se abrigarem da chuva. As pessoas fazem fila para conseguir água distribuída por camiões, enquanto as poucas lojas ainda abertas não tinham quase nada nas suas prateleiras.

Comida instantânea

O Fundo das Nações Unidas para Infância (Unicef) informou que quase um milhão de crianças no Nepal foi severamente afectada pelo terramoto, e alertou para o risco de doenças infecciosas.

No antigo templo da cidade de Bhaktapur, a leste de Katmandu, muitos moradores estão a viver em tendas num complexo educacional, depois de edifícios construídos há séculos terem desabado ou estão com enormes rachaduras.

“Nós tornámo-nos refugiados”, disse Sarga Dhaoubadel, uma estudante de administração cujos antepassados ??tinham construído a casa da família em Bhaktapur há mais de 400 anos. Eles estavam a sobreviver com macarrão instantâneo e frutas, disse.

“Ninguém do Governo veio ainda oferecer-nos um copo de água”, disse ela. “Ninguém veio verificar até mesmo a nossa saúde. Estamos ao deus-dará. Tudo o que podemos esperar é que os tremores parem e possamos tentar voltar para casa.”

Foi confirmada a morte de um total de 3.726 pessoas no terramoto de magnitude 7,9, informou o Governo nesta segunda-feira, o pior registado no Nepal desde 1934, quando 8.500 pessoas morreram. Mais de 6.500 pessoas ficaram feridas.

Outras 66 pessoas perderam a vida na fronteira com a Índia e pelo menos 20 na China, na região chinesa do Tibete, informou a agência de notícias estatal da China. O número deve subir, pois os socorristas ainda enfrentam dificuldade para chegarem a regiões remotas do país e muitos corpos ainda estão a ser retirados dos escombros.

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