Indiferente as evidências do INE sobre a população com idade para votar na Província de Gaza e ignorando os apelos dos partidos de oposição e de algumas organizações da Sociedade Civil a Comissão Nacional de Eleições está avançar com o processo eleitoral tendo tornado oficial a aprovação dos Dados do Recenseamento Eleitoral de 2019 com o silencio cúmplice do partido Frelimo e dos Parceiros ocidentais. Analisando os dados dos órgãos eleitorais o @Verdade constatou que no Distrito de Chókwè houve um aumento de 160 por cento de os eleitores, relativamente a 2014, no Chibuto aumentaram 110 por cento, no Limpopo 100 por cento tal como em Chongoene.
O presidente da Comissão Nacional de Eleições (CNE), Abdul Carimo Nordine Sau, que está fora de mandato, está claramente a fazer jus as afirmações que proferiu em Outubro de 2018: “Esses que andam a falar mal de mim, chamam-me ladrão de votos e até pedem que eu devia ir preso, são esses cães e a que eu não vou dar atenção e parar para lhes atirar pedras (…). Vou continuar a fazer o meu trabalho”.
Parte desse trabalho, após a manipulação do Recenseamento Eleitoral que tem nos dados da Província de Gaza a sua evidência flagrante, foi a publicação no Boletim da República da Deliberação nº 88/CNE/2019 de 23 de Junho.
O @Verdade comparou os Dados do Recenseamento Eleitoral de 2019 com os Dados do Recenseamento Eleitoral de 2014, e fica evidente onde poderão estar os mais de 300 mil eleitores que o director nacional de Censos e Inquéritos do Instituto Nacional de Estatística (INE), Arão Balate, garante só em “2040 é que Gaza vai atingir 2,2 milhões de habitantes com um número de pessoas maiores de 18 anos de 1,2 milhão de pessoas”.
“O que aconteceu em Gaza, devemos nós dizemos como INE, não temos como explicar, em termos científicos ultrapassa todas as teorias demográficas” declarou Arão Balate que ressalvou “o certo é que o INE usa um tipo de metodologia e o STAE também tem outro tipo de metodologia. A sociedade não pode exigir que os números sejam iguais, as explicações talvez sejam encontradas nas leis eleitorais”.
Ora o @Verdade foi comparar os números oficiais do Secretariado Técnico de Administração Eleitoral (STAE) e da CNE e constatou que, por exemplo, no Distrito de Chókwè foram inscritos no Recenseamento deste ano 238.447 eleitores comparativamente aos 92.060 registado em 2014, um aumento 147.296 eleitores em cinco anos que ditou um aumento de 11 para 14 mandatos que elege para o Parlamento.
Novos mandatos de Gaza serão eleitos nos distrito do Limpopo e Chongoene
No Distrito do Chibuto o STAE inscreveu 181.793 eleitores, um aumento de 96.711 em relação aos 87.082 recenseados pelo mesmo órgão eleitoral em 2014, resultando no aumento de 10 para 11 mandatos parlamentares.
Mas os números mais interessantes surgiram nos distrito do Limpopo e Chongoene, que não existiam nessa categoria administrativa em 2014, e no Recenseamento Eleitoral de 2019 inscreveram 105.095 e 82.443 eleitores, respectivamente, que possibilitarão a eleição de seis e cinco deputados para a Assembleia da República, respectivamente.
Ainda não existem números do INE sobre estes novos distritos mas indicadores de Junho de 2017 revelam que a população de Chongoene era de 121.495 habitantes, portanto cruzando com o Recenseamento do STAE existirão apenas 39 mil menores de 18 anos do distrito.
Já no Limpopo a população em 2017 era de 152.053 habitantes, cruzando com os inscritos pelos órgãos eleitorais existirão somente 46 mil crianças nesse distrito.
Portanto os novos mandatos para o Parlamento que a Província de Gaza ganhou com esta manipulação do recenseamento serão eleitos nos distrito do Limpopo e Chongoene.
O @Verdade constatou ainda que no Recenseamento Eleitoral de 2019 o STAE inscreveu quase mais 100 por cento dos 591.194 eleitores que havia registado em toda Província de Gaza em 2014.
Chumbado o recurso do partido Renamo no Conselho Constitucional, e apesar dos apelos de algumas organizações da Sociedade Civil nos medias, tudo encaminha-se para as mais fraudulentas eleições da nossa curta democracia com o silêncio cúmplice dos Parceiros de Cooperação, mesmo aqueles que estão a pagar parte do processo eleitoral.
Mais concentrados nos negócios que têm com o Governo do partido Frelimo os países ocidentais dão impressão de terem acatado o aviso que Filipe Nyusi deu em Janeiro: “Os moçambicanos deverão decidir sobre o seu destino, sem manipulação, porque só assim o país poderá assegurar a estabilidade real, que todos os moçambicanos, a região austral e o mundo desejam”.