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Eleicoes: sociedade civil quer maior rigor no financiamento

As organizações da sociedade civil, legalmente constituídas em Moçambique, defendem maior rigor no financiamento, com recursos públicos, das campanhas eleitorais dos partidos políticos. Miguel de Brito, do Instituto Eleitoral para a Sustentabilidade da Democracia em África (IESA), diz que a realidade mostra que desde as primeiras eleições gerais e democráticas, em 1994, os partidos concorrentes recebem financiamento, mas poucos reverteram isso em acentos na Assembleia da República (AR), o parlamento, por exemplo. “Temos casos de partidos políticos que só aparecem nas vésperas das eleições”, afirmou Miguel de Brito, referindo-se claramente à ganância de se beneficiarem de fundos públicos sem que isso se traduza em acções concretas.

Ele falava esta quinta-feira, em Maputo, na audição pública que a Comissão da Administração Pública, Poder Local e Comunicação Social realizou com organizações da sociedade civil, no âmbito do processo de revisão da legislação eleitoral em curso. Segundo a fonte, não se pode promover oportunismo, muito menos com recurso a dinheiros públicos.

De Brito propôs, em nome do IESA, que o financiamento devia beneficiar aos que mostram serviço, como é caso dos partidos já com acento na AR ou aos que conseguiram amealhar um mínimo de entre dois e três por cento do total dos votos na eleição anterior. O IESA, assim como o Observatório Eleitoral (OE), que hoje deram as suas contribuições para a melhoria da legislação eleitoral, defenderam ainda a criação de tribunais eleitorais, principalmente a nível distrital, de forma a se resolverem disputas eleitorais logo no terreno onde elas ocorrem.

Os casos mais complicados seriam remetidos ao Conselho Constitucional (CC). Estas duas organizações foram unânimes em afirmar que a actual composição da Comissão Nacional de Eleições (CNE) é excessiva, propondo que passe a ser constituída por entre cinco e sete membros. Países como a Índia, com centenas de milhões de eleitores, tem uma Comissão Eleitoral de apenas três membros, significando isso que não é no tamanho onde reside o segredo, mas sim na eficiência.

Quanto à designação dos membros da CNE, o Coordenador do OE, Abdul Carimo, disse que a mesma deve ser feita de forma a se garantir que tais membros sejam pessoas que nunca se envolveram em processos políticos. Os mesmos membros, segundo a fonte, devem ser seleccionados através de concurso público.

Carimo avançou ainda com a proposta de se eliminar as comissões provinciais de eleições, por serem onerosas e que podem ser simplesmente substituídas por um delegado, com a missão de supervisionar. O Secretariado Técnico da Administração Eleitoral (STAE) é o órgão executor dos processos eleitorais. Como observadora eleitoral, a sociedade civil quer ainda que os seus membros sejam credenciados para votar em qualquer mesa onde estiverem a trabalhar, tal como acontece com os jornalistas e membros da polícia moçambicana (PRM).

O OE, por exemplo, coloca em cada eleição cerca de mil membros. Grande parte deles não vota por se encontrarem a trabalhar longe das mesas de voto onde foram recenseados. Quanto ao recenseamento eleitoral, a sociedade civil defende uma actualização no lugar de um recenseamento de raiz, como acontece actualmente e nas vésperas de uma eleição. A informação de óbitos que ocorrem fora das unidades sanitárias deve ser apresentada por estruturas locais, pois muitas mortes ocorrem sem o registo das estruturas da saúde, segundo a sociedade civil.

No tocante a apresentação do certificado do registo criminal por parte dos candidatos eleitorais, a sociedade civil avança com a proposta de que estes deviam submeter à CNE uma declaração ajuramentada, sabido que o registo criminal só pode ser obtido a nível da cidade de Maputo, a capital. Assim, caberia a CNE remeter um ofício solicitando a comprovação da situação criminal dos candidatos à entidade competente. E

m caso de falsas declarações, por parte dos candidatos à presidência ou mesmo a deputados, se aplicariam os devidos procedimentos criminais. De referir que na passada Terçafeira, a Comissão da Administração Publica, Poder Local e Comunicação Social auscultou os partidos políticos extraparlamentares.

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