Um dos maiores países do mundo – é o quinto em dimensão, depois da Rússia, Canadá, China e Estados Unidos -; a terceira maior democracia do mundo – depois da Índia e dos Estados Unidos -, e talvez o país que mais crescimento registou nos últimos anos, vai este domingo a votos. Falo-vos do Brasil, esse gigante que esteve durante décadas adormecido e que agora desperta mostrando ao mundo, esse mesmo mundo que durante anos a fio o ignorou, todas as sua potencialidades.
Efectivamente, nesta década, particularmente na segunda metade, o Brasil deixou de ser o país do samba, do futebol, do carnaval e das telenovelas. Deixou de ser um país periférico vivendo à margem das grandes decisões mundiais. Deixou de ser o país dos favelados. Dos meninos de rua. Das grandes desigualdades sociais. Da corrupção desenfreada. Hoje, quando o mundo vive uma crise sem precedentes, o Brasil é, com a China, a economia que mais cresce. E, deixemo-nos de histórias, muito deve ao seu actual presidente Luís Inácio Lula da Silva que só à quarta tentativa – apenas comparável a Daniel Ortega na Nicarágua – conseguiu chegar ao Palácio do Planalto, em Brasília.
Hoje, seguramente que quase todos os brasileiros são unânimes em dizer que valeu a pena a espera de Lula. Não é por acaso que há dias ouvi um comentador brasileiro dizer que se Lula apoiasse o rato Mickey este também seria eleito. Lula, actualmente, goza de uma popularidade e apoio incondicional, tanto a nível interno como externo. Dilma Rousseff , a sua candidata, tem há muito a eleição garantida à conta do antigo torneiro mecânico que em tempos foi o terror dos granfi nos e dos empresários brasileiros e que hoje é admirado por eles.
Pouco depois de ser eleito, em 2003, Lula, empregando uma linguagem futebolística que lhe é muito cara, disse que o “Brasil estava cansado de jogar na segunda divisão”. Actualmente, o Brasil ocupa os lugares cimeiros da primeira divisão, arriscaria mesmo a dizer com aspirações ao pódio.
Não foi por acaso que o Presidente francês Sarkozy pronunciou há pouco tempo a frase: “Quem é que pode hoje imaginar resolver os problemas do mundo sem o Brasil?”. Actualmente o Brasil já pertence ao G20 – as maiores economias do mundo -, é o porta-estandarte dos países emergentes no seio do grupo BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China), é o mais forte candidato a uma cadeira permanente no Conselho de Segurança da ONU, aspira a ser uma potência nuclear, entre 2003 e 2010 abriu 68 postos diplomáticos por todo o mundo e essa influência já é bem visível como se pôde verifi car na crise hondurenha, na mediação entre árabes e israelitas ou nos acordos estabelecidos com a Turquia e o Irão.
No plano económico o volta-face foi de 180º. Se durante muitos anos o FMI socorreu o Brasil injectando avultadas somas no país, hoje verifi ca-se o inverso: em 2009 Brasília emprestou 1,3 bilião de dólares àquela instituição que rege as fi nanças mundiais. O Brasil deixou também de ser apenas produtor e exportador de matérias-primas, como a soja, o café, o açúcar ou o ferro.
Hoje, exporta e fabrica aviões, automóveis, computadores e telefones celulares com padrão de qualidade sufi ciente para competir no mercado internacional. Em matéria de capacidade de consumo, o PIB brasileiro anda perto do trilião de dólares, o que faz do país a quinta economia mundial, atrás apenas de Estados Unidos, China, Japão e Alemanha. Nas novas tecnologias, o Brasil surge ainda mais forte. Possui 40% dos utilizadores de internet da América Latina. O dobro do México.
Em matéria de segurança, é hoje o país latino-americano menos ameaçado pelo poder do narcotráfi co, possuindo uma extensão territorial e poder sufi cientes para ser um aliado estratégico dos Estados Unidos na luta contra os cartéis. Por tudo isto, nunca a divisa ‘Ordem e Progresso’, inscrita na sua bandeira, fez tanto sentido como hoje. E os 135 milhões de brasileiros que no domingo vão às urnas sabem disso melhor do que ninguém.