Para continuarmos  a fazer jornalismo independente dos políticos e da vontade dos anunciantes o @Verdade passou a ter um preço.

É o dilema que nos coloca a “virgem” de Lucrécia Paco

É o dilema que nos coloca a “virgem” de Lucrécia Paco

Como garantir a fortuna e a honra da família?… Como garantir simultaneamente a fortuna (provinda de um jovem de posses) e a honra da família, depois de um homem ter violado e desvirginado a própria filha? Eis o dilema que vive uma família humilde, sobretudo a mãe da miúda que, na condição de virgem, ia casar com um jovem de uma família abastada.

“Se o papá e a mamã souberem que a noiva já não tem o sangue entre as suas pernas!…”, comentavam as três irmãs da coitada Maria (que no mesmo dia seria lobolada) quando entraram de madrugada no quarto da irmã e encontraram os lençóis da sua cama coloridos pelo seu próprio sangue.

Só que não sabiam que o vilão tinha sido o próprio pai. A “Virgem” traz a lume a história de uma família em que um pai desvirgina, numa madrugada, com recurso à força, a fi lha que, no mesmo dia, seria lobolada por um jovem de posses, o qual imediatamente depois da cerimónia tinha de comprovar a virgindade da sua noiva. Nesse acto teria de haver sangue nos lençóis, condição sem a qual não teria lugar o casamento tradicional.

A mãe que soube do incidente sentiu-se entre a parede e a espada quando tinha de decidir contar aos compadres que a sua fi lha já não era virgem e deitar abaixo a honra da família ou mentir dizendo que a fi lha era ainda virgem e ter os bens provindos do lobolo. Assim sendo, a mãe – que nem contou o que aconteceu com a fi lha às outras três irmãs – decidiu mentir como meio de preservar a honra da família e garantir os referidos bens, sem, no entanto, acautelar que a mentira (como disseram os grandes falantes) tem pernas curtas.

Chegada a hora H, Maria estava ainda com fortes dores resultantes da violação que sofrera e, efectivamente não estava em condições de executar o acto e, mesmo que estivesse em condições, não tinha o sangue da virgindade entre as suas pernas, isto para dizer que, de uma e de outra forma, já não havia nada. O pai, como diz a própria esposa, tem um amor de vaca, que funciona até com as fi lhas (o que não passava de um estratagema para despistar as inocentes filhas), que só pode ter sido um feitiço que fez aquilo e que um cão fi lho do diabo perpetrou o acto. “Um pai como eu não ousaria entrar pela portinha para o corpo da sua fi lha”, dizia o pai às fi lhas defendendo a sua mentira quando já se aproximava a hora da chegada dos masseves (compadres) e do muconwana (genro).

Na tarde daquele dia, as três irmãs gritaram para dentro quando viram aquele jovem preparado para executar o acto. Aquelas inocentes, desconhecedoras do pecado praticado por Adão e Eva, viam um grande diabo com uma cauda em frente. Depois de tanta insistência do jovem, a mentira entrou em acção. Porque efectivamente Maria não estava em condições, a mãe, com medo de passar vergonha, disse (pondo em acção o seu plano para acobertar o marido) que a fi lha estava trancada na casa de banho com uma forte menstruação e que naquele dia não seria possível consumar o acto.

Contudo, a mentira foi descoberta o que resultou no descalabro para a família de Maria. O lobolo não se efectivou, a família perdeu a honra e as três outras fi lhas fi caram a saber da verdade. Encenada por Lucrécia Paco, a “Virgem” é também protagonizada por actores de renome, designadamente Ilda Abdala, Abdil Juma, Sílvia, Milsa Ussene, Lara Faria, Irene Tembe e Júlia Melo.

Facebook
Twitter
LinkedIn
Pinterest

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

Related Posts

error: Content is protected !!