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Doze associações cívicas denunciam redes contra recursos naturais

Redes sofisticadas e perigosas de crime organizado, envolvendo alguns membros do Governo e do partido FRELIMO, acabam de ser acusadas por 12 agremiações da sociedade civil moçambicana de estarem a delapidar os recursos naturais e ameaçar de morte cidadãos denunciantes daquela prática.

Em carta dirigida ao Presidente da República, Armando Guebuza, as referidas organizações dizem assistir-se “impunemente no país” à exploração e exportação ilegal de recursos florestais e faunísticos, minerais e hídricos por redes sofisticadas e perigosas do crime organizado, “envolvendo, inclusive, alguns membros do Governo e do partido FRELIMO, bem como cidadãos nacionais e estrangeiros”.

As referidas redes não hesitam em ameaçar e violentar jornalistas, funcionários do Estado e de ONGs através de mensagens e telefonemas intimidatórios que em alguns casos culminam em homicídios.

Exemplos

As 12 organizações denunciantes não dispararam no escuro e dão exemplos do que alegam: “Como aconteceu na provínca de Nampula, na qual vários fiscais de florestas e fauna bravia foram barbaramente assassinados por madeireiros ilegais”.

Os subscritores da missiva ao mais alto incumbente de Moçambique são o Centro de Integridade Pública, Centro Terra Viva, Fórum Mulher, Justiça Ambiental, KULIMA, KUWUKA JDA, Liga Moçambicana dos Direitos Humanos, Livaningo, ORAM, RADER, TEIA e WLSA.

“O clima de impunidade é hoje enorme e assustador, gerando cada vez maior desconfiança dos cidadãos em relação à integridade e seriedade das instituições e dirigentes do Estado”, destaca o documento para em seguida indicar que elas não podem continuar indiferentes à perda, a um ritmo assustador, de florestas, fauna, recursos hídricos e minerais, de terras e riqueza comum.

“Restam desertos, crateras, rios poluídos, lágrimas de comunidades irregularmente reassentadas e, acima de tudo, mais pobreza, senhor Presidente”, lêse ainda na carta de 12 associações cívicas moçambicanas enviada a Guebuza, denunciando casos de delapidação das florestas, fauna e recursos minerais e hídricos por redes do crime organizado.

Com a carta, elas afirmam pretender requerer ao Presidente da República, “como nosso líder no combate à pobreza e primeiro garante da Constituição da República”, a sua intervenção urgente, concreta e eficaz “que honre o magnífico prémio que recebeu, e um posicionamento público da parte de Vossa Excelência contra as ilegalidades e o clima de impunidade na gestão dos recursos naturais do nosso país”.

Refira-se, entretanto, que Guebuza acaba de receber um prémio ambiental concedido pela organização internacional WWF (Fundo Mundial para a Conservação da Natureza), pelos esforços levados a cabo na protecção e conservação do meio ambiente.

Amiúde, são referenciados em Moçambique casos gritantes de dizimação de florestas e exportação de madeira não processada, garimpo ilegal de minerais preciosos, entre outros atentados aos recursos multifacetados de Moçambique, em acções supostamente envolvendo destacados quadros do partido que governa o país desde que se tornou independente, em Junho de 1975 – a FRELIMO.

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