Centenas de cidadãos que nada fazem para ganhar a vida estão de costas voltadas com os donos de uma empresa fantasma, na província de Cabo Delgado, em virtude de terem sido exigidos dinheiro para o provimento de vagas de emprego que na verdade nunca existiram. Diga-se que frustraram-se o sonho e as aspirações de quem vive dividido entre conseguir o primeiro emprego e sobreviver.
Agora, os lesados, que ao que tudo indica desembolsaram fundos para beneficiarem um bando de trapaceiros, encontram-se numa situação de enganados e abandonados à sua própria sorte, porque neste momento não é possível ver nem sequer a sombra de um dos supostos dirigentes da alegada empresa do ramo de hidrocarbonetos.
Consta que os proprietários da referida companhia, que se instalou naquela província para explorar as oportunidades induzidas pelo projecto de prospecção de petróleo e gás, cobravam entre cinco mil meticais (5.000,00) e trinta e cinco mil meticais (35.000,00).
Os pretensos dirigentes da tal companhia, supostamente representada por uma cidadão que responde pelo nome de Claudia Manuel, oriundo da cidade da Beira, província de Sofala, só aceitavam dinheiro vivo.
Em Moçambique, o desemprego é um problema bastante sério, o que leva a que milhares de jovens, principais afectados por esta situação, paguem até o que não têm (contrariando dívidas) quando há anúncio de uma vaga de emprego.
De acordo com os prejudicamos, a firma em causa tinha como missão efectuar o recrutamento da mão-de-obra para uma empresa de hidrocarbonetos. Houve até assinatura de contratos de trabalho e emissão que guias para afectação em diferentes sectores para os quais eram contratados, mas tudo não passava de uma aldrabice.
O acesso ao emprego formal é cada vez mais difícil, principalmente para as pessoas de pouca idade, que são a maioria da força de trabalho activa no país. Aliás, arranjar o primeiro emprego tem sido também uma missão quase que impossível para milhares de outros jovens.
Ainda em Moçambique, onde em 2013 a taxa de desemprego afectava pelos menos 22,5% dos cerca de 23 milhões da sua população, parte considerável dos que concluem os estudos sem emprego formal e digno depende de biscates ocasionais para sobreviver e grande parte do tempo é passado nas expectativas. O grupo etário mais afectado pelo desemprego em Moçambique é dos 15 a 40 anos de idade.
Um pouco por todo o país há situações como esta, em que determinadas pessoas fazem promessas falsas de emprego, amealhavam elevadas somas de dinheiro e depois fogem. As vítimas, que andam sempre desesperadas para ter uma colocação, caem facilmente nessas trapaças.