O maior grupo de mídia do Paquistão anunciou, esta quarta-feira (26), que vai recorrer da sentença de 26 anos de prisão imposta ao seu proprietário por blasfémia, o passo mais recente de uma batalha que se arrasta há tempos entre a organização e os militares.
Na terça-feira, um tribunal condenou Mir Shakeel-ur-Rehman, dono da Geo News, por um programa que mostrou pessoas dançando ao som de uma canção sobre o casamento da filha do profeta islâmico Maomé.
O canal de televisão foi assolado por queixas de blasfémia por causa do programa, o que provocou acusações de que a lei de punição contra blasfêmia do país está a ser usada para silenciar os críticos dos militares.
As acusações foram feitas pouco depois de o canal acusar publicamente a agência de espionagem sob responsabilidade dos militares pelo atentado a tiros contra um deos seus principais jornalistas. O Exército negou as alegações.
“Os actos mal-intencionados dos transgressores inflamaram os sentimentos de todos os muçulmanos do país… que não podem ser tratados levianamente, e há a necessidade de conter severamente tal tendência”, afirmou um tribunal da cidade de Gilgit em seu veredicto.
O dono do canal de TV, o apresentador do programa matutino e dois convidados foram obrigados a pagar multas de 16 mil e 600 dólares, entregar seus passaportes e vender as suas propriedades.
É improvável que a ordem seja cumprida, porque os veredictos de cortes da região de Gilgit-Baltistão, no norte paquistanês, não se aplicam ao restante do país. O News, jornal de propriedade de Ur-Rehman, anunciou em sua primeira página nesta quarta-feira que irá apelar ao Supremo Tribunal contra o veredicto e a pena.
O impasse entre o canal Geo e o Exército expõs as divisões entre o primeiro-ministro, Nawaz Sharif, que apoiou a rede, e o Exército, que governou a nação durante mais da metade da sua história.