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Doentes com SIDA precisam de pessoas solidárias, treinadas, não só de médicos e o aconselhamento deve ser potenciado

Doentes com SIDA precisam de pessoas solidárias

Foto relatório MSFO sucesso da luta contra o VIH/SIDA, que, segundo estimativas das autoridades moçambicanas, causa pelo menos 120 mil novas infecções por ano, carece de mais esforços e apoio do Governo para se garantir a retenção e adesão ao Tratamento Anti-Retroviral (TARV). As pessoas submetidas a esta terapia “precisam não só de médicos, mas de pessoas que conhecem as suas realidades diárias e possam orientá-las a superar os obstáculos”, defendem os Médicos Sem Fronteiras (MSF) e a Rede Nacional de Organizações de Pessoas Vivendo com esta doença em Moçambique (RENSIDA).

Por um lado, os MSF entendem que “o plano de aceleração da resposta ao VIH em Moçambique para 2015 avança com um número de conselheiros leigos” para que se alcance as metas estabelecidas pelas autoridades e, por outro, Amós Sibango, da RENSIDA, sustenta que é preciso garantir que as unidades sanitárias tenham uma ligação forte com as comunidades, que haja treinamento do pessoal e supervisão, porque os enfermos “são um investimento para o futuro”.

O activista falava na terça-feira (21), em Maputo, no lançamento da campanha “Eu Amo o meu Conselheiro”, pelos MSF, a para da ONUSIDA e da RENSIDA. A iniciativa visa apelar ao Governo, aos parceiros e à sociedade civil para que reconheçam e garantam a educação e o aconselhamento à pessoa que vive com o VIH para que se mantenha em TARV por toda a vida. No encontro foi dito, também, que um dos aspectos que dificulta o planeamento realístico da prestação de serviços de aconselhamento “é a falta de uma análise à necessidade dos recursos humanos”.

Aliás, num relatório intitulado “Aconselhamento HIV/TB: Quem está a fazer o trabalho?”, lançado no mesmo dia, com base em estudos de oito países da África Subsariana, os MSF consideram haver falta de apoio financeiro e político para o aconselhamento em torno da pandemia do século e da tuberculose – duas enfermidades que estão associadas – e tal “continua a ser um grande obstáculo para expandir a luta contra o VIH/SIDA”.

A pesquisa daquela organização médica humanitária internacional indica também que a resposta à doença em alusão, em Moçambique, “está a negligenciar recursos cruciais para incluir e manter milhares de pessoas em tratamento” e o desafio para a retenção de gente em tratamento “é enorme. 33% de pessoas com VIH/SIDA abandonaram os cuidados ao fim de um ano” e outro grupo deixou de se submeter a terapia já “decorridos três anos”.

“O papel do conselheiro é chave para melhorar a retenção e adesão dos pacientes em Tratamento Anti-Retroviral. É necessário investir já para assegurar que os recentes ganhos contribuam efectivamente para a redução da mortalidade e de novas infecções pelo VIH e para se atingir os objectivos da ONUSIDA, conhecidas como a meta 90-90-90. Isto é, 90% de pessoas com VIH diagnosticadas, 90% em tratamento e 90% com uma carga viral indetectável até 2020”, disse José Zelaya, director da ONUSIDA em Moçambique.

Para Lucas Molfino, chefe de missão dos MSF em Moçambique, “testar as pessoas para o VIH e iniciá-las em Tratamento Anti-Retroviral é como colocá-las no local de partida de uma maratona que vão ter de percorrer ao longo da vida contra o vírus. Mas é apenas um começo. Na ausência de uma cura, milhares de pessoas precisam de permanecer em tratamento diário e eficaz, durante o resto das suas vidas”.

De acordo com Lucas, os indivíduos que vivem com o VIH precisam de apoio para realizarem a “corrida” a que se refere sem fim, “mas o apoio não está a ser fornecido. É preciso que o Governo garanta pessoal que se dedica especificamente à educação e aconselhamento do paciente, porque senão estaremos em risco de ter cada vez mais pessoas a abandonarem o TARV”.

Para os organizadores do evento, o aconselhamento é uma ferramenta essencial para ajudar Moçambique a melhorar o seu programa de combate ao VIH e “alcançar os objectivos ambiciosos estabelecidos pelo MISAU”. Todavia, para isso é necessário que exista uma figura que garanta estas tarefas de educação e aconselhamento sobre a doença, assim como noutras enfermidades crónicas, pois “diariamente verificamos que os clínicos, por serem poucos, não têm o tempo necessário para o fazer”.

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