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Dissidente político chinês, Liu Xiaobo, ganha Prêmio Nobel da Paz

Dissidente político chinês

O Prémio Nobel da Paz foi atribuído ao dissidente chinês Liu Xiaobo, anunciou esta sexta-feira o Comité Nobel norueguês, abrindo desta forma uma guerra com Pequim. O Governo chinês avisou inclusivamente Oslo de que esta seria uma escolha com consequências para as relações entre os dois países. Depois de um Nobel da Paz institucional em 2010, com Barack Obama, é um Nobel de causas o deste ano.

As apostas eram altas no chinês Liu Xiaobo, dissidente que foi condenado a 11 anos de prisão pelo Governo de Pequim. A par de Xiaobo perfilavam-se igualmente para este Nobel da Paz os seus compatriotas Hu Jia e Gao Zhiseng, crónicos candidatos desde há anos, e a líder da minoria uigur no exílio, Rebiya Kadeer. “Liu Xiaobo foi distinguido pela sua luta longa e não violenta pelos direitos fundamentais da China”, declarou o Comité Nobel durante o anúncio do vencedor deste ano.

Liu Xiaobo, 54 anos, escritor, comentador político e activista dos Direitos Humanos, é um dos signatários da “Charter 08”, manifesto assumido por mais de trezentos intelectuais chineses no qual eram pedidas reformas políticas e a democratização do país. Este texto foi publicado a 10 de Dezembro de 2008, no 60.º aniversário da Declaração Universal dos Direitos Humanos.

Xiaobo foi detido dois dias antes desse aniversário, escassas horas antes de o documento ser disponibilizado na Internet. Foi depois acusado por “suspeita de incitamento à subversão do poder”. Com ele foram encarcerados outros 70 signatários da carta. A 25 de Dezembro de 2009, Liu Xiaobo foi condenado a 11 anos de prisão, apesar dos apelos internacionais em seu favor, nomeadamente muitos antigos prémios Nobel que endereçaram pedidos directos numa missiva ao Presidente Hu Jintao.

O mal-estar no seio do regime chinês já fez Pequim enviar recados ao Comité Nobel face à probabilidade de a escolha recair sobre Xiaobo. Quem o admite é o próprio director do Instituto Nobel. De acordo com Geir Lundestad, um alto funcionário da hierarquia chinesa tê-lo-á advertido há alguns meses que uma tal escolha implicaria inevitáveis fracturas entre a China e a Noruega, país onde está sediado o Nobel da Paz.

O Nobel da Paz de Xiaobo tem, por outro lado, uma forte carga de ironia. O regime queixava-se ontem, com o desvendar do nome do peruano Mário Vargas Llosa para a Literatura, da renovada ausência de reconhecimento por parte da Academia em relação às autoproclamadas capacidades criativas e de inovação chinesas.

Na imprensa, o Global Times assinalava “mais um ano de decepção Nobel”. No entanto, com a atribuição do Nobel da Paz ao dissidente que se encontra encarcerado há um par de anos – é, aliás, a terceira vez que é detido – a China deixa de ter razões para acusar a Academia de não dar atenção ao país.

O presidente do comitê do Nobel explicou que Liu foi o premiado pela longa – e não violenta – luta a favor dos direitos humanos e da democracia na China. A escolha de Liu coloca em evidência a situação dos direitos humanos na China, há décadas denunciada por dissidentes e entidades internacionais.

 Na prisão onde está, Liu só deve saber do Nobel no fim de semana, se o governo autorizar que sua mulher o visite.

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