Os nigerianos desprenderam todo o basquetebol que têm, que é muito e do melhor. A linha exterior criou mossa na selecção moçambicana, torturou-nos com uma eficácia demolidora, com um aprumo próprio dos grandes campeões.
Contudo, os miúdos de Inake Garcia saem destes jogos como os grandes vencedores. Perderam numa final para a qual não foram convidados. Na verdade, fizeram mais do que todo mundo esperava…
Foi preciso passarem 36 anos para que o basquetebol masculino fosse olhado com respeito. Os rapazes de Inaki Garcia mostrarem ser um conjunto para grandes feitos e apenas a concentração dos nigerianos – nestes jogos – evitou que terminassem com a medalha de ouro no pescoço. Num encontro frenético os nigerianos, comandados por Usman, socorreram-se dos seus melhores recursos para ficar com a medalha de ouro. Um espectacular Nandinho foi muito pouco para uma equipa que tinha a lição bem estudada.
Desde o primeiro minuto, a Nigéria deixou claro que não queria voltar para o seu país sem o título. A grande partida de Moçambique frente a Argélia fez com que os verde e brancos saíssem para criar diferenças logo no início. Inake optou por David Canivete no cinco inicial para dar maior energia à defesa, mas não conseguiu cortar o ímpeto do adversário. Por outro lado, Usman estava empenhado em ganhar o jogo e avisou nos primeiros minutos. A grande importância do jogo traduziu-se na percentagem de acerto de tiros de três pontos. Poucos entravam. O que indicava que a selecção nacional que falhasse mais poderia despedir-se da partida.
Oyededji dedicava-se a ganhar ressaltos na tabela e a Nigéria fez a primeira fuga no marcador graças a um Ugboaja. O poste foi provavelmente o melhor quatro dos Jogos Africanos de Maputo. Faz tudo bem: finta, marca, defende e é sempre um pouco mais rápido do que os seus defensores. A equipa moçambicana começou a mostrar-se mais errática nos lançamentos e Usman surgiu para protagonizar a primeira punhalada ao sobrelotado Pavilhão do Maxaquene com um triplo. No descanso os nigerianos ganhavam por quatro pontos.
Moçambique estava contra as cordas e Augusto Matos tratou de sair em sua ajuda. Porém, estava escrito que está não era a final do mago do Desportivo. Os de Inake navegavam sem rumo e só acercavam-se em acções esporádicas do garrafão nigeriano. O espírito da superação dos moçambicanos impedia-lhes de atirar a toalha, mas esta era a noite da Nigéria que era uma máquina impossível de parar. O martelo de Oyededji no queria perder a festa e elevou a vantagem a + 9 (31-40).
A empresa apresentava-se complicada para os moçambicanos e Inake optou por jugá-la. Meteu em campo os irmãos Matos (Amarildo e Augusto) e o mais novo dedicou-se a bombardear o aro nigeriano (51-51). Depois, um colossal Nandinho encurtou diferenças e o público começou a crer em milagre quando a desvantagem reduziu para três pontos. Contudo, nesse momento surgiu a figura Usman para dar um lição magistral do que significa o conceito de base. Com uma tranquilidade pasmosa, o número sete fez-se o dono do jogo e deu a manchada final à Moçambique com mais dois pontos, nos últimos 30 segundos.
No final, a Nigéria levou todas as medalhas que aspirávamos. Nos masculinos ficámos sem o bronze e, hoje, perdemos aquele que seria o primeiro ouro destes jogos. Enfim, e tudo a Nigéria levou…