Olhando para a eleição do novo Presidente dos Estados Unidos da América (EUA) de fora, particularmente pela televisão, fica-se com a impressão de uma campanha intensa e que movimenta massas por todo país. Nada mais ilusório, acompanhando as eleições nos EUA a realidade é bem diferente.
Quase metade dos norte-americanos não estão interessados na campanha eleitoral, uns porque estão desapontados com os políticos, outros mesmos cansados da tradicional polarização partidária – entre democratas e republicanos – outros são jovens e votar na próxima terça-feira (6) é menor das suas preocupações.
Se por um lado o candidato Mitt Romney tem ao seu lado os eleitores republicanos, tradicionalmente fiéis e muito cientes da importância do seu voto, o Presidente Barack Obama esforça-se para manter os democratas unidos e principalmente reconquistar os eleitores que lhe deram a vitória em 2008, os jovens, os latinos e até mesmo as mulheres.
Ambos candidatos sabem que a corrida à Casa Branca será ganha pelo candidato que trouxer os votos extras de fora da sua esfera partidária. Por isso os comités de campanha trabalham arduamente à nível mais local possível para convencer, não aos indecisos entre um ou outro candidato, mas principalmente em convencer os eleitores que nem sequer querem votar em nenhum dos dois candidatos.
VIPS animam republicanos
Na sede regional do partido republicano em New Hampshire cerca de duas dezenas de voluntários está agarrada aos telefones ligando pacientemente para uma base de dados de eleitores potencialmente independentes ou indecisos.
“Na última semana devo ter feito uma mil ligações” conta Carol de 47 anos “alguns desligam mas a maioria ouve-nos, uns dizem que vão pensar e outros asseguram que vão votar em Romney”.
Outros voluntários chegam para apanhar mais materiais de promoção pins, autocolantes, e posters. Entretanto tudo pára, os jornalistas são convidados a sair do interior da sede “vem aí John Sununu’s e Kelly Ayotte” diz um dos jovens voluntários com um brilhozinho no olhar. Sununu´s é antigo governador de New Hampshire e Kelly senadora.
Junta-se a eles uma das estrelas em ascenção no partido republicano Bobby Jindal, Governador do Lousiana, apontado como provável candidato à Presidencia em 2016, se Romney não vencer esta eleição.
Os VIPs discursam por breves minutos, repetem os motes de campanha, cumprimentam aos presentes e saem apressados. Há outros locais de campanha a serem visitados e mais militantes para mobilizar.
Avós por Obama
Em 2008 Barack Obama elegeu-se graças ao votos extras de eleitores que habitualmente não participam massivamente na votação, foram os jovens, os latinos, as mulheres e muitas pessoas da terceira idade que deram vantagem ao primeiro Presidente afro-americano. Nessa altura um movimento da sociedade civil surgiu para apoia-lo: as avós por Obama.
Composto por voluntárias com mais de 60 anos o movimento promove a mobilização de eleitores dessa faixa etária que entre si acaba por mobilizar ainda amigos e outros parentes do idoso envolvido.
No centro da terceira idade de New Hampshire, onde vivem cerca de 300 avós, milhares de cartões impressos com os motivos porque o movimento apoio a reeleição de Obama estão a ser preenchidos e assinados para posterior envio à outras avós que ainda não decidiram o seu sentido de voto.
Joan, 67 anos, natural de Belmont, terra natal de Mitt Romney, conta que hoje já preencheu pelo menos 250 e remata“eu não vou votar no Sr. Romney, e creio que não haverá muitas pessoas em Belmont a votar nele(…) ele é um homem rico”.
Obama e Romney focam nos Estados decisivos
Empatados nas sondagens mais recentes Barack Obama e Mitt Romney fazem campanha nos Estados capazes de decidir as eleições. O republicano esteve este domingo nos Estados de Iowa, Ohio, Pensilvânia e Virgínia, enquanto o democrata esteve em New Hampshire, Flórida, Ohio e Colorado.
No sábado os candidatos participaram em grande comícios, Obama teve ao seu lado ex-presidente Bill Clinton que, com uma voz rouca, após tantos comícios, brincou “tenho usado a minha voz a favor do meu presidente”. O Presidente candidato à reeleição disse a um público de 24 mil pessoas na cidade de Bristow, na Virgínia, que a organização de campanha já não importava mais e, agora, o poder estava com os eleitores. Ele pediu ao público presente que não permitisse que Romney levasse os Estados Unidos de volta a uma era em que Wall Street tinha carta branca para fazer o que quisesse.
Em New Hampshire, o republicano Mitt Romney também não poupou críticas ao adversário pela declaração de Obama de que votar seria a melhor vingança contra os republicanos. “Votar por vingança? Deixem-me dizer o que eu penso: Vote por amor ao seu país. É hora de levarmos os Estados Unidos a um lugar melhor”, disse.
