O líder da Renamo, Afonso Dhlakama, voltou a negar que tenha ameaçado incendiar o país caso o processo eleitoral não fosse justo e transparente, dando desta forma o dito por não dito, tal como o fez em muitas outras ocasiões quando confrontado com reações desfavoráveis do público contra os seus pronunciamentos belicistas.
Segundo Dhlakama, que falava quarta-feira, na província nortenha de Nampula, quem iria incendiar seriam os militantes e simpatizantes do seu partido que ele haveria de mobilizar para manifestações. “Eu não disse que iria incendiar o país, eu disse que Moçambique iria ser incendiado.O que significa que ao mobilizar esta gente, suponhamos, para uma manifestação, a policia iria disparar e Moçambique estaria a ser incendiado”, explicou o líder da Renamo, citado pelo jornal “O País”.
“Não disse que iria pegar fogo para incendiar o pais, não sou disso, poderia tê- lo feito em 1994, 1999 e 2004” disse Dhlakama, acrescentando que, de facto, se não houver dialogo e bom senso para se chegar a uma solução, os militantes e simpatizantes do seu partido vão incendiar o país. “Veja, só pelo facto de eu estar aqui (num supermercado para onde fora adquirir mobília para a sua casa, em Nampula) isto esta cheio, imagine o que vai acontecer se eu subir neste carro e e dizer: gente, vamos manifestar”, questionou.
A 29 de Outubro passado,um dia após a votação para as quartas eleições gerais e as primeiras para asassembleias provinciais em Moçambique, o líder da Renamo ameaçou incendiar o país etomar opoder a força caso o processo eleitoral não fosse justo e transparente. Falando a jornalistas em Nampula, após ter desembarcado ido de Maputo, Dhlakama disse que a tolerância chegou ao fim.“Ou não vamos governar porque vamos perder justamente e reconhecer, ou alguém quer nos fazer perder. Acabou a paciência em Moçambique”. Na ocasião, Dhlakama invocou que na Ilha de Moçambique houve roubo de votos e em Angoche, na província de Nampula, as pessoas foram impedidas de votar,motivosuficiente paraconsiderar que estas eleições não foram justas nem transparentes.
Sendo assim, exigiu que as eleições fossem repetidas na Ilha de Moçambique e casoisso não acontecesse ele iria invalidar todos os resultados, “porque houve irregularidades” . Dias depois, Dhlakama negou que tivesse ameaçado incendiar o país e acusou os jornalistas de não lhe terem compreendido, não obstante, nessa altura, ter afirmado que a sua decisão era “irreversível”.
Sendo assim, esta é a segunda vez que nega ter ameaçado incendiar o país. Entretanto, o primeiro secretario provincial da Frelimo na província de Nampula, Agostinho Trinta, ao comentar as declarações de Dhlakama, disse que o líder da Renamo é o principal obreiro de sua desastrosa derrota e do seu partido porque nolugar de fazer campanha andou colado a sua suposta nova esposa, Lúcia Fate.
“Eleandou mais tempoatrás da Lúcia e se esqueceu de namorar o eleitorado” – ironizou Trinta durante uma conferência de imprensa, acrescentando que Dhlakama, “ao contrair matrimónio num dos distritos da província, pensava que teria já o voto garantidoem sinal de cunhadismo”. Segundo ele,a população de Nampula provou, através do voto, de que não gosta de um cunhado enganador”. Trinta apelou as populações de Nampula, em particular os membros e simpatizantes da Renamo, a não acatarem as instruções de violência proferidas pelo seu líder, Afonso Dhlakama, no dia 29 de Outubro noaeroporto de Nampula.