Enquanto procura-se sobreviver ao impacto da primeira pandemia mundial do século XXI e aguarda-se uma previsão realista do Governo de Filipe Nyusi sobre o crescimento do Produto Interno Bruto em 2020 o barómetro do Standard Bank sobre a economia real reporta “uma descida sem precedentes”, pior do que da crise das dívidas ilegais, “indicando uma deterioração acentuada na saúde do sector privado em Moçambique” durante o 1º mês do Estado de Emergência.
Foi publicado nesta quarta-feira (06) o primeiro relatório realista do impacto das medidas de nível 3 de prevenção da covid-19 na economia moçambicana. “(…) As empresas moçambicanas observaram um declínio acentuado na produção durante o mês de abril, com a escalada da pandemia provocada pela doença do coronavírus de 2019 a resultar numa redução drástica de novos negócios”.
“As medidas destinadas a reduzir a propagação do vírus, incluindo as restrições às viagens e a proibição à concentração de pessoas, tiveram um impacto substancial na procura, com a contracção dos números relativos ao emprego e à atividade de aquisição face ao agravamento no panorama para a aCtividade. Entretanto, cortes no emprego, nos salários dos trabalhadores e nos preços de aquisição levaram à primeira queda nos custos dos meios de produção da história do inquérito”, revela o Purchasing Managers’ Index (PMI) do Standard Bank.
Compilado a partir do inquérito a 400 decisores de empresas privadas a operarem em Moçambique o principal indicador do PMI caiu para 37,1 durante o 1º mês do Estado de Emergência, “uma descida sem precedentes, indicando uma deterioração acentuada na saúde do sector privado em Moçambique. Isto em comparação com um registo de 49,9 em Março, consistente com condições estáveis para as empresas em termos globais”.
“Três dos subcomponentes do índice principal também caíram para valores recorde em Abril: produção, novas encomendas e stock de aquisições. Estes valores assinalaram uma redução drástica na aCtividade, tendo as empresas associado essa situação à covid-19 e às restrições do governo às deslocações. Os negócios foram também atingidos por uma queda acentuada em novos trabalhos, devido a uma menor procura por parte dos clientes durante a pandemia”, lê-se no relatório.
De acordo com o PMI de um dos principais bancos comerciais em Moçambique “A queda nos novos negócios foi a mais rápida na história da série (desde abril de 2015) e provocou reduções massivas nas aquisições e nos inventários das firmas moçambicanas. Algumas empresas referiram que o encerramento das fronteiras – em particular, com a África do Sul – dificultou a obtenção de meios de produção, tendo os prazos de entrega, por conseguinte, sofrido atrasos”.
“O emprego caiu pela primeira vez em dezoito meses, com as empresas a ajustarem os números da mão-de-obra face à pandemia”, acrescenta o relatório que refere “As empresas moçambicanas esforçaram-se duramente para reduzir os custos dos meios de produção durante o mês, devido à descida das vendas. Com a queda nas aquisições, os fornecedores reduziram acentuadamente os preços das matérias-primas, tendo os custos com o pessoal registado, também, uma descida devido a salários mais baixos. Os preços de produção subiram pelo terceiro mês consecutivo, embora a um ritmo ligeiro”.
“As expectativas para a produção no prazo de um ano pioraram em Abril, pelo segundo mês consecutivo. O sentimento foi mais fraco do que a média da série, tendo as empresas relacionado o pessimismo com a pandemia do vírus e o declínio em novos negócios”, perspectiva o Purchasing Managers’ Index do Standard Bank cujos economistas ainda não avançam com nenhuma projecção para o crescimento do Produto Interno Bruto em 2020 que continua a ser o irrealista 2,2 por cento do Governo de Filipe Nyusi.