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Desmobilizados de guerra revoltados com ministro dos Combatentes

Desmobilizados de guerra revoltados com ministro dos Combatentes

Esta segunda-feira (12), os desmobilizados de guerra chefiados por Hermínio dos Santos, reuniram-se com o Ministro dos Combatentes, Mateus Kida. O encontro, mais uma vez, terminou sem que as partes tenham encontrado um solução para as reivindicações deste grupo de desmobilizados de guerra.

O Presidente do Fórum dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique, Hermínio dos Santos, disse que no encontro desta segunda-feira (12) com o ministro dos Combatentes, a sua colectividade tinha uma agenda de seis pontos, nomeadamente:

– apelar ao governo para retirar os artigos 13 e 17 do Estatuto dos Combatentes recentemente aprovado pela Assembleia da República e actualmente em vigor (sobre a inserção social dos desmobilizados de guerra);

– criação pelo governo de uma sede do fórum dos Desmobilizados de Guerra;

– criação pelo governo do Instituto Nacional dos Desmobilizados;

– desmobilização dos ex-guerrilheiros da Renamo e da Frelimo

– pagamento de uma pensão de 12.500 meticais a cada desmobilizado de guerra

– integração dos milicianos no Estatuto dos Combatentes em vigor.

Estes seis pontos arrolados na agenda pela cúpula de Hermínio dos Santos, não foram abordados com o ministro dos Combatentes, Mateus Kida, alegadamente porque ele não estava preparado para debater as matérias agendadas pelo Fórum dos Desmobilizados de Guerra.

“Ele disse que se soubesse que são estes os pontos de agenda para o qual tínhamos solicitado o encontro, não teria aceite, pois são assuntos ultrapassados. Isto foi um insulto e mostrou quão arrogante é o ministro Kida”, conta.

Entretanto, o ministro dos Combatentes disse no encontro fracassado que tomou nota dos pontos arrolados na agenda dos desmobilizados e vai encaminhá-los às entidades de direito. “Afinal ele não é quem de direito, ele não tem conhecimento das nossas preocupações, então se não é de direito por que quando estamos a manifestar, nos chama de rebeldes e instigadores da violência no país”, questiona dos Santos.

Hermínio dos Santos disse ainda que Mateus Kida tem estado a apelá-los insistentemente para que o seu fórum se alie às outras associações dos desmobilizados de guerra. “Nós não queremos e nunca vamos fazer isso, as tais associações a que se refere não se identificam em nada com os nossos interesses. Não queremos nos juntar a lacaios e traidores”, assegura.

Em relação ao ponto sobre a retirada dos artigos 13 e 17 do Estatuto dos Combatentes, segundo o presidente do Fórum dos Desmobilizados de Guerra, o ministro dos Combatentes disse que isso não passa de uma mera imaginação, pois a lei já passou por varias instituições e foi aprovada e promulgada pelo chefe de Estado, não havendo mais espaço para recuo, muito menos para manobras.

Dos Santos sempre nas malhas da Polícia

Desde que o Fórum dos Desmobilizados de Guerra de Moçambique começou a fazer manifestações como forma de o governo responder as suas preocupações, Hermínio dos Santos é quase sempre detido.

No dia 14 de Fevereiro passado, aquando de uma manifestação em forma de marcha pelas artérias da cidade de Maputo, dos Santos foi compulsivamente levado ao Comando da PRM da Cidade de Maputo, onde ficou detido durante pouco menos de dez horas de tempo. “Eles me acusam de estar a incitar a violência no país, dizem que as nossas manifestações são ilegais e por isso não devem ser aceites. A Polícia fala sem o conhecimento de causa”, aponta.

No entanto, mesmo antes das manifestações (dia 13), Hermínio dos Santos disse ter se dirigido ao Comando da Cidade de Maputo para melhor se informar das rotas interditas pela polícia de percorrer durante as manifestações.

Naquele dia o comandante adjunto da Cidade de Maputo, segundo acrescenta, terá dito que se fosse no tempo de guerra, mandava fuzilar todos os desmobilizados de guerra do seu fórum, por estar a criar desordem no país.

Polícia condiciona itinerário das manifestações

“A Polícia disse que não devíamos passar, muito menos ficar no Circuito António Repinga, por ser um lugar próximo da sede do governo e de instituições do Estado como ministérios, entre outras. Disseram-nos que não podíamos marchar pelas Vladmir Lénine, por que está situada a Procuradoria-Geral da República e nem podíamos entrar pela Eduardo Mondlane por ser uma avenida cujo epíteto deve-se ao fundador da Frelimo e por seu uma zona próxima do mercado informal Estrela-Vermelha, o que podia provocar os ânimos doutras pessoas”, comenta.

Para dos Santos, os desmobilizados respeitaram todo o itinerário permitido para marchar e faziam-no sem nenhuma violência. Mesmo assim, foi detido pelos agentes da Polícia da República de Moçambique, uma acção por si condenada, pois as alegações da sua detenção não fazem sentido.

Entretanto, os desmobilizados de guerra dizem que querem ter uma audiência com o Presidente da República ou Primeiro-ministro. Para eles, estas são as pessoas mais indicadas para poderem expor os seus problemas, uma vez que o ministro dos Combatentes esteja a menosprezar as suas preocupações e a chamá-los de rebeldes, em como se as suas reivindicações fossem infundadas.

O presidente do Fórum dos Desmobilizados de Guerra, garante que enquanto não falarem com o PR ou PM, não desistirão, vão se manifestando até que tal desiderato se concretize.

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