Na sua segunda viagem à África como líder da Igreja Católica, o papa Bento 16 pediu na sexta-feira que os países africanos resistam à tentação de se render às forças do mercado à medida que eles crescem e se modernizam.
O papa chegou à maior cidade de Benin, na África Ocidental, no início de uma viagem de três dias cujo ponto alto será a publicação de um documento papal sobre a África escrito após um sínodo de bispos africanos no Vaticano em 2009. Benin também é considerado o berço do vodu na África e o papa deve encontrar-se com líderes de religiões tradicionais no sábado.
No seu discurso de chegada, o papa falou sobre a necessidade de os países africanos se modernizarem, mas afirmou que isso não deve acontecer a qualquer custo. Entre as “armadilhas”, ele afirmou que os países africanos devem evitar a “rendição incondicional às leis do mercado e das finanças”.
Ironicamente, o novo primeiro-ministro italiano, Mario Monti, foi até o aeroporto de Roma despedir-se do papa. O governo do premiê tem a tarefa de introduzir reformas econômicas para salvar a Itália – e possivelmente a Europa – da ruína financeira por causa da instabilidade dos mercados financeiros.
Ele pediu que as nações evitem os possíveis efeitos “destrutivos” das forças do mercado, assim como o tribalismo, as tensões inter-religiosas e a erosão dos valores humanos, culturais, éticos, familiares e religiosos. “A transição para a modernidade precisa ser guiada por critérios seguros baseados em valores reconhecidos”, afirmou ele, acrescentando que esses são “a dignidade da pessoa humana, a importância da família e o respeito à vida”.
Falando a jornalistas que estavam a bordo do avião que o levou para a África, o papa também falou sobre algumas das principais questões que afetam o continente e a Igreja Católica na região. Ele afirmou que o mundo deveria perguntar por que boa parte do continente ainda estava tão necessitada após tantas tentativas internacionais de ajudar a África.