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Denúncias por estupro em Nova Délhi batem recorde em 2015

A Polícia de Nova Délhi registou em 2015 um total de 2.095 denúncias por estupro, um recorde que representa quase seis crimes deste tipo diários e que foi relacionado com uma mudança nos procedimentos policiais, que agora recebem mais denúncias e de maneira gratuita, informaram nesta terça-feira os meios de comunicação locais.

O relatório sobre os crimes registados na capital indiana até 15 de Dezembro, com foco especial nos casos de estupro, foi apresentado ontem em entrevista colectiva pelo chefe da Polícia de Délhi, B.S. Bassi.

Segundo Bassi, o aumento das denúncias se deve porque agora estas são registadas gratuitamente e sem importar a gravidade do crime, insistindo que inscrevem “desde o roubo de um cabra até o furto de 20 rúpias (20 centavos de euros)”. Além disso, no caso dos estupros, os dados comparativos desde 2012, quando foram registados 706 crimes desta natureza, e em 2015, com 2.095, demonstram uma mudança na conscientização da sociedade, mais sensível com relação à violência contra a mulher.

O caso que mudou essa percepção ocorreu em Dezembro de 2012, quando aconteceu um estupro em grupo num autocarro em andamento de uma jovem estudante em Nova Délhi que morreu dias depois pelos ferimentos, desencadeando uma onda de manifestações de indignação que levaram a endurecer as penas contra os violadores.

“Se a Constituição indiana permitisse enforcar ou disparar contra os acusados (de cometer crimes contra as mulheres), a Polícia de Délhi, com total autoridade, faria no momento”, sentenciou Bassi, em controversas declarações, embora depois tenha dito que o “respeito aos direitos humanos” o impediria de tomar essa medida.

Vários activistas indianos acusaram no passado a Polícia de não registar as denúncias por estupro e inclusive de tentar forçar as mulheres violadas a casarem-se com seus agressores.

A directora para o Sul da Ásia da organização HRW, Meenakshi Ganguly, chegou a definir no passado as esquadras indianas como “lugares que inspiram temor” e criticou que a polícia “frequentemente” degradava e voltava a traumatizar as vítimas de estupro.

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