O candidato presidencial da oposição venezuelana, Henrique Capriles, afastou, Quinta-feira (13), um assessor de primeiro escalão acusado de corrupção por deputados governistas.
Num vídeo apresentado por partidários do presidente Hugo Chávez, o representante de Capriles junto ao Conselho Nacional Eleitoral (CNE), Juan Carlos Caldera, aparece a receber um envelope branco de uma pessoa que pede a realização de um encontro entre o seu “chefe”, não identificado na gravação, e Capriles.
Num segundo vídeo, Caldera e o mesmo homem aparecem numa sala a conversarem sobre o pedido de um empresário, também não identificado, para conhecer Capriles. Ao final do diálogo, Caldeira aparece a colocar maços de dinheiro num envelope grande.
Em entrevista colectiva, Caldera disse ter recebido dinheiro de Wilmer Ruperti, conhecido empresário próximo ao chavismo, que estaria interessado em financiar a sua campanha para prefeito de um populoso município que é parte de Caracas, e que também gostaria de conhecer Capriles.
“O tempo nos dará a razão, o tempo nos permitirá deixar as coisas claras, e, como toda tempestade, no começo é muito dura, mas depois chega a calmaria. Sempre a verdade sai na frente”, disse o político, segundo quem a quantia entregue supera os 40 mil bolívares (9.300 dólares, pelo câmbio oficial).
“Não há nada de mau, de irregular (em receber dinheiro), é a dinâmica eleitoral pedir apoio eleitoral.” Minutos depois da divulgação dos vídeos, Capriles exigiu para Caldera desvincular-se da campanha.
“Ele não tem o direito de utilizar o meu nome, e nenhuma pessoa tem o direito de utilizar o meu nome para obter benefícios pessoais”, disse o candidato em entrevista colectiva.
O incidente mancha a candidatura de Capriles a três semanas da eleição, e num momento em que pelo menos dois políticos ligados à oposição mudaram de lado, acusando o desafiante de preparar um “pacotão neoliberal” com aumentos de preços generalizados e supressão de programas sociais caso seja eleito.
O deputado governista Julio Chávez, que não é parente do presidente Hugo Chávez, afirmou ao divulgar o vídeo que nem o governo nem os órgãos de segurança participaram das gravações, e que as imagens chegaram às suas mãos por meio de pessoas descontentes com a oposição.
A voz e imagem do interlocutor de Caldera haviam sido propositalmente distorcidas, mas o próprio Caldera disse depois que tratava-se de Luis Peña, chefe de segurança de Ruperti.
O chefe da campanha de Chávez, Jorge Rodríguez, compareceu ao CNE para pedir uma investigação sobre eventuais casos de suborno, corrupção e financiamento irregular na campanha da oposição.