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Cristãos do Egito temem que apoio externo possa prejudicá-los

A Primavera Árabe ampliou a pressão sobre os cristãos coptas do Egito, com o aumento dos ataques a igrejas e confrontos sangrentos com muçulmanos e soldados.

Muitos cristãos estrangeiros sentem-se na obrigação de ajudar.O papa Bento 16, o patriarca da igreja ortodoxa russa Kirill, o arcebispo anglicano Rowan Williams e outros líderes religiosos falaram em defesa dos coptas, cristãos nativos que formam 10 por cento da população de 80 milhões do Egito, de maioria muçulmana.

Na Europa e na América do Norte os governos condenaram a violência e pediram que as forças armadas do Egito garantissem direitos iguais a todos os cidadãos, principalmente às minorias religiosas. Grupos religiosos coletaram fundos para enviar às paróquias egípcias.

Cristãos preocupados no Egito dizem que os ataques contra eles se multiplicaram nos últimos anos, começando mesmo antes de o presidente Hosni Mubarak – visto como um defensor dos direitos deles – ter sido tirado do poder em fevereiro pelos protestos na Praça Tahrir.

Mas eles temem obter muito apoio do exterior, porque os muçulmanos poderiam se ressentir da atenção especial dada a uma minoria num momento em que todos os egípcios sofrem com a crise económica e a incerteza política.

“Nós não temos medo de ninguém. Não queremos ajuda de ninguém”, declarou o reverendo Antonius Michael enquanto entregava pão abençoado depois da missa numa igreja ortodoxa copta na parte antiga do Cairo.

“Não é para o nosso bem ter vozes fortes no exterior falando sobre cristãos”, disse o secretário-geral da Sociedade Bíblica do Egito, Ramez Atallah. “É para nosso benefício ter vozes fortes no exterior falando sobre uma carta mais universal de direitos para todos os egípcios.”

Os coptas são assim denominados por causa do antigo termo em grego para todos os egípcios, que passou a se referir apenas aos cristãos depois da chegada do Islão. Eles são a maior minoria cristã no Oriente Médio.

Muitos líderes empresariais são coptas, as igrejas se espalham pelas cidades e a Sociedade Bíblica de Atallah faz propaganda em jornais e em outdoors.

Cerca de 95 por cento dos cristãos egípcios são coptas ortodoxos, e o restante se divide entre católicos, protestantes, anglicanos e outras seitas.

A disseminação do islamismo linha-dura, nas últimas décadas, confirmada pelo apoio aos candidatos puritanos salafitas nas actuais eleições, alimentou uma nova intolerância contra eles e levou a confrontos e assédios crescentes.

No dia 10 de Janeiro, um suposto homem-bomba matou 23 pessoas numa igreja de Alexandria. Outras 12 morreram em Maio em confrontos e no incêndio de uma igreja no Cairo.

Em Outubro, pelo menos 25 morreram em confrontos envolvendo cristãos e forças de segurança depois de outra igreja no Cairo ter sido queimada.

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