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Crise política agrava-se em Portugal

Depois do Ministro das Finanças e do Ministro do Negócios Estrangeiros, e também líder do partido da coligação que suporta o Governo de direita em Portugal, mais dois ministros estavam prontos para renunciar nesta quarta-feira (03), disse a imprensa local, agravando uma crise que pode levar a eleições antecipadas e atrapalhar a retirada do país do programa de resgate da UE/FMI.

Vários meios de comunicação noticiaram que os ministros da Agricultura, Assunção Cristas, e da Previdência Social, Pedro Mota Soares, acompanharão o líder do partido CDS-PP, Paulo Portas, que renunciou na terça-feira (02) ao cargo. A comissão executiva do partido estava reunida até a hora do fecho da nossa edição e, por isso, não pôde pronunciar-se.

O primeiro-ministro português, disse ao país na noite de terça-feira que não aceitou a renúncia de Portas e que continuará comandando o governo para garantir a estabilidade política e o trabalho de superar o impasse. Muitos comentaristas descreveram a situação como “absurda”.

Sem solução iminente, ações e rendimentos de títulos portugueses despencaram. O juro pago a investidores pelo título da dívida com vencimento em dez anos superou 8,1 por cento pela primeira vez desde novembro, e o índice mercantil PSI 20 caiu 6 por cento, puxado pelas fortes baixas de mais de 10 por cento nos papéis dos bancos.

A decisão de Coelho de rejeitar a renúncia do seu Ministro de Estado deixa sobre Portas a responsabilidade pela sobrevivência do governo. Se Portas retirar o partido CDS-PP da coligação, o governo ficará sem maioria.

“Uma coisa é certa: o primeiro-ministro fará de tudo para ficar, dando todas as concessões possíveis a Portas”, disse o cientista político António Costa Pinto. “Se isso fracassar, porém, dificilmente poderemos evitar uma eleição antecipada.”

Portugal está sob rigorosas condições orçamentais impostas por um resgate da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional. O país tinha a esperança de voltar aos mercados normais de títulos públicos, mas a continuidade das medidas de austeridade agora coloca isso em dúvida.

“Vemos eleições antecipadas como o resultado mais provável a esta altura, embora não possamos descartar completamente o apoio de alguns parlamentares do CDS e a continuidade do governo”, disse em comunicado o economista António Garcia Pascual, do Barclay’s, atribuindo a renúncia de Portas à crescente impopularidade da coligação governista.

Na véspera da demissão de Portas, o ministro das Finanças, Vítor Gaspar, mentor dos cortes de gastos e aumentos tributários exigidos pelos credores, renunciou alegando perda de apoio ao resgate. Existe a expectativa de que o presidente Aníbal Cavaco Silva tentará montar uma grande coligação, mas analistas consideram que o Partido Socialista(PS), o maior da oposição, não está disposto a participar.

O PS lidera as pesquisas, mas sem a perspectiva de formar maioria parlamentar. Por isso, após eventuais eleições, os socialistas precisariam formar uma nova coligação para governar Portugal.

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