A agência internacional para o desenvolvimento, Oxfam, receia um colapso total da autoridade do Estado e um agravamento da crise humanitária no leste da República Democrática do Congo (RDC), onde o grupo rebelde armado M23 tenta controlar mais territórios e uma multitude de outros aterrorizam as populações.
O recente conflito causou a deslocação de dezenas de milhares de pessoas, das quais 120 mil estariam actualmente a necessitar da ajuda de emergência, revelou a agência, na noite da Quinta-feira (22).
“As pessoas vivem em condições caóticas. Receia-se uma epidemia de cólera e outras doenças mortais, enquanto as penúrias de electricidade e de água em Goma não deixaram outra escolha a milhares de pessoas a não ser usar água do Lago Kivu”, declarou o coordenador humanitário da Oxfam, Tariq Riebl.
Segundo a agência, várias pessoas dormem ao relento ou estão alojadas nas escolas e noutros edifícios, sem nenhuma ajuda humanitária.
A Oxfam apelou aos Governos regionais e internacionais a reforçar a ajuda de emergência na região, a assegurar-se de que as populações sejam protegidas de outras violências e a esforçar-se com urgência para encontrar uma solução sustentável a esta crise.
A crise desta semana em Goma poderá apenas ser a parte visível do icebergue, declarou a Oxfam, notando que desde o mês de Abril vários grupos rebeldes proliferam depois de o Exército governamental retirar as suas tropas da maioria da região do leste para se concentrar na rebelião do M23.
Outros grupos armados aproveitaram este vazio de segurança e doravante pelo menos 25 deles estão activos nos dois Kivus (Norte e Sul). A maioria das pessoas afectadas pelos combates desta semana já estava nos campos após terem fugido da insegurança crescente este ano, que deslocou 767 mil pessoas no leste da RD Congo.
“O caos engendra o caos. São as comunidades que vão ser as mais afectadas”, declarou Tariq Riebl. “O mundo tem os olhos virados para Goma, mas há cidades e aldeias no leste do Congo que estão completamente esquecidas e dirigidas por predadores armados. Em terras imensas, as populações estão bloqueadas praticamente sem procteção dos serviços de segurança”, denunciou.
“Enquanto as violências intensificam-se, a ONU deve fazer tudo ao seu poder para proteger os civis congoleses afectados pelos combates. As mulheres e os homens sofreram durante muito tempo; eles desejam ter segurança e ter uma oportunidade de levar bem a cabo a sua vida. Eles não devem ser ignorados”, indica a Oxfam.
Por seu turno, a agência espera reforçar a sua reacção a esta crise, após solucionar a questão do abastecimento de água e do saneamento para 115 mil pessoas nos últimos meses.