A Rússia fracassou em evitar o colapso do rublo, terça-feira (16), colocando o presidente Vladimir Putin diante de uma crise cambial que pode enfraquecer o seu poder. Um aumento de 6,5 pontos percentuais na taxa de juros, para 17 por cento, durante a noite não conseguiu evitar que a moeda atingisse mínimas recordes frente à “tempestade perfeita” nos baixos preços do petróleo, temores de recessão e sanções do Ocidente por conta da crise na Ucrânia.
Putin culpou especuladores e o Ocidente pelo colapso do rublo, e um porta-voz presidencial atribuiu, na terça-feira, a turbulência do mercado a “emoções e humor especulativo”.
O rublo perdeu 11 por cento frente ao dólar na terça-feira, a queda diária mais aguda desde a crise financeira da Rússia em 1998. A moeda já caiu 20 por cento desde o começo da semana, e acumula desvalorização de mais de 50 por cento neste ano.
Enquanto Moscovo enfrentava a crise, o secretário de Estado dos EUA, John Kerry, disse que as sanções podem ser suspensas se Putin tomar mais medidas para aliviar as tensões e cumprir os compromissos firmados sob os acordos de cessar-fogo para encerrar o conflito na Ucrânia.
“Estas sanções podem ser suspensas em questão de semanas ou dias, dependendo das escolhas que o presidente Putin tomar”, disse Kerry a repórteres em Londres. Mantendo a pressão sobre Moscovo, o presidente Barack Obama deve assinar uma lei nesta semana que autoriza novas sanções contra a Rússia por conta das suas actividades na Ucrânia, e fornecerá armas para o governo de Kiev, disse o porta-voz da Casa Branca, Josh Earnest.
Mas ele disse que os EUA não querem adoptar novas medidas que não estejam sincronizadas com os seus parceiros europeus. Para a economia russa, a crise cambial significa que uma recessão mais profunda é mais provável no próximo ano, à medida que as altas taxas de juros devem prejudicar o crescimento.
Para o sector empresarial, isso significa mais incertezas e menos acesso a financiamentos. Para o banco central, significa crise de credibilidade. Já para Putin, a crise aumenta o risco de perder dois dos seus principais pilares de apoio – estabilidade financeira e prosperidade – e traz uma indesejada dor de cabeça sobre as suas políticas numa época em que as relações com o Ocidente também sofrem por causa da Ucrânia.