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Crimeia solicita adesão à Rússia após votação ao estilo soviético

A Crimeia solicitou formalmente a adesão à Rússia nesta segunda-feira depois que os seus líderes anunciaram o resultado da votação ao estilo soviético em que 97 por cento do eleitores afirmaram ser a favor da secessão da Ucrânia, num referendo considerando ilegal por Kiev e pelo Ocidente, que acionará sanções imediatas.

Os ministros das Relações Exteriores da União Europeia reuniram-se em Bruxelas para impor proibição de vistos e o congelamento de bens de autoridades russas e da Crimeia, responsáveis pelo controle militar de Moscovo na região sul da Ucrânia, onde a Rússia mantém a sua frota do mar Negro.

O Parlamento da Crimeia “fez uma proposta para a Federação Russa para a admissão da República da Crimeia como um novo membro, com o status de uma república”, disse um comunicado no seu site oficial.

Enquanto a mídia estatal na Rússia veiculava um lembrete assustador do seu poder de transformar os Estados Unidos em “cinzas radioativas”, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, conversou por telefone com Vladimir Putin, o presidente russo, advertindo que ele e seus aliados europeus estão prontos para impor “custos adicionais” a Moscovo por violar o território da Ucrânia.

O Kremlin e a Casa Branca emitiram declarações dizendo que Obama e Putin consideram opções diplomáticas para resolver a disputa. Mas Obama disse que as forças russas devem primeiro suspender “incursões” no seu vizinho ex-soviético, enquanto Putin renovou as suas acusações de que a nova liderança em Kiev, levada ao poder por uma revolta que derrubou seu aliado ucraniano, não estariam protegendo cidadãos de língua russa da violência de nacionalistas ucranianos.

Moscovo respondeu à pressão ocidental por um “grupo de contato” internacional para mediar a crise, propondo um “grupo de apoio” de países para influenciar no reconhecimento do referendo da Crimeia e para pressionar por uma nova Constituição para a Ucrânia.

A contagem preliminar da votação de domingo na Crimeia mostrou que 96,77 por cento dos eleitores optaram por se juntar à Rússia, anunciou Mikhail Malyshev, presidente da comissão regional responsável por supervisionar a votação. Autoridades disseram que o comparecimento às urnas foi de 83 por cento.

A Crimeia é o lar de 2 milhões de pessoas. Os membros da minoria étnica ucraniana e muçulmana tártara haviam dito que iriam boicotar a votação, realizada apenas três semanas depois de as forças russas assumirem o controle da península.

AÇÕES SOBEM E RUBLO RECUPERA-SE

Putin, cuja popularidade no seu país tem crescido pela ação na Crimeia, apesar dos riscos para uma economia estagnada, deve discursar em uma sessão conjunta do Parlamento russo sobre Crimeia nesta terça-feira, informou o seu assessor. O mercado de ações da Rússia subiu 3,7 por cento e a moeda russa (rublo) recuperou as perdas iniciais, com os cálculos de que as sanções do Ocidente serão em grande parte simbólicas. Moscovo defendeu a anexação da Crimeia citando o direito de proteger “cidadãos pacíficos”.

O governo interino da Ucrânia mobilizou tropas para se defender contra uma invasão de seu continente, onde os manifestantes pró-russos estiveram envolvidos em confrontos nos últimos dias. O Parlamento ucraniano aprovou na segunda-feira um decreto presidencial para uma mobilização militar parcial para chamar 40.000 reservistas para combater as ações militares da Rússia.

O Parlamento russo vai aprovar legislação que permite a Crimeia se juntar à Rússia “em um futuro muito próximo”, disse um deputado nesta segunda-feira, segundo a agência de notícias Interfax. “Os resultados do referendo na Crimeia mostrou claramente que os moradores da Crimeia veem o seu futuro apenas como parte da Rússia”, disse Sergei Neverov à agência de notícias.

Autoridades dos EUA e da Europa dizem que uma ação militar é improvável em relação à Crimeia, que os governantes soviéticos entregaram à Ucrânia há 60 anos. Por enquanto, as principais ferramentas do Ocidente são aparentemente a escalada nas sanções econômicas, o que pode enfraquecer seriamente a economia russa, e o isolamento diplomático.

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