A Polícia da República de Moçambique (PRM), em Sofala, reteve 12 crianças do sexo masculino, na cidade da Beira, supostamente por terem sido recrutadas pessoas ainda não identificadas para mão-de-obra infantil. Dez seriam afectas a uma presumível empresa do ramo pesqueiro no distrito Muanza, e duas seriam forçadas a trabalhar como empregadas domésticas.
Do grupo, com idades que variam de 10 a 16 anos, dois miúdos alegaram que foram abusados sexualmente por dois indivíduos apenas identificados pelos nomes de Tomás e Samora. Um dos miúdos, de 13 anos de idade, disse que viajou do distrito de Caia, em Sofala, para a cidade da Beira, à procura de emprego.
O outro rapaz, de 12 anos de idade, contou que partiu da cidade de Chimoio, em Manica, para Beira também à procura de melhores condições de vida.
Chegados à capital provincial de Sofala, onde não têm familiares, um cidadão prometeu-lhes emprego, mas a dado momento começou a assediá-los e obrigá-los a ir à cama com eles.
Os ofendidos foram ouvidos pelas autoridades no Gabinete de Atendimento a Mulher e a Criança, Vítimas de Violência Doméstica, na Beira.
A Polícia disse que está ao corrente da situação e já está a investigar o que se passou e só depois disso é que poderá se pronunciar.
Os outros 10 rapazes foram interceptados pela Polícia no terminal interprovincial da Beira, após desembarcarem de um autocarro e não apresentavam nenhum documento.
Às autoridades, eles contaram que foram recrutados no distrito de Angoche, província de Nampula, para trabalhar numa suposta empresa pesqueira em Muanza.
Em conexão com este caso, três pessoas, entre elas duas mulheres, foram ouvidas pela PRM, tendo afirmado que os miúdos foram contratados em Angoche por um cidadão desconhecido. Não é a primeira vez que tal acontece.
Os miúdos foram igualmente ouvidos pelo Gabinete de Atendimento a Mulher e a Criança, Vítimas de Violência Doméstica iniciou um processo de averiguação das circunstâncias em que eles foram convencidos a sair de Angoche.
Recorde-se de que 11 pessoas foram traficadas, no primeiro semestre deste ano, dentro de Moçambique, segundo Amabélia Chuquela, procuradora-geral da República adjunta.
O número é três vezes superior em relação a igual período de 2016, em que foram registados oito casos. A magistrada, que falava no lançamento da semana alusiva ao Dia Mundial de Luta Contra o Tráfico de Pessoas, disse que os casos de tráfico deste ano ocorreram nas províncias de Maputo, Gaza, Manica, Tete e Zambézia.