Setenta crianças de rua, de sete a 17 anos de idade, nas cidades de Nampula e Nacala-porto, de um total 96 identificadas, foram reencaminhadas para as respectivas famílias sanguíneas ou substitutas e outras 11 para o infantário provincial.
Na rua, elas dedicavam-se a actividades tais como lavagem de carros, carregamento de bagagens ou venda de produtos consumíveis para assegurar a sua alimentação diária.Ahate Daúdo, chefe do Departamento de Acção Social em Nampula, disse ao @Verdade que a identificação destas crianças ocorreu de Junho a Setembro do corrente ano. As que se encontram no infantário provincial vão aprender a desenvolver projectos de criação de frangos e produção de peças de roupa para o seu auto sustento.
A “recolha” das crianças de rua vai continuar, devendo abranger os centros urbanos doutras províncias. Neste momento estão a ser estabelecidas parcerias público-privadas, sobretudo na área de assistência à criança, para que este grupo possa voltar a estudar como o fez algum dia. Enquanto isso, decorre, em paralelo, a criação de um banco de dados do número de meninos de rua para facilitar as intervenções.
Na cidade de Nampula, por exemplo, o Jardim Parque Popular, na zona dos Bombeiros; a Padaria Nampula, nas redondezas do Hotel Girassol; os mercados Central e do Belenenses são considerados principais focos de aglomeração de petizes sem lares. Eles apontam que abandonaram as suas casas por causa de conflitos conjugais entre os pais, maus tratos, fraco poder financeiro das suas famílias, dentre outras.
Ahate Daúdo disse ainda que algumas crianças manifestam vontade de regressar ao convívio familiar com o propósito de continuar os estudos, pois, entre elas há as que concluíram o nível primário.
A nossa interlocutora, para além de limitações financeiras para realizar, satisfatoriamente, as actividades de assistência e de reinserção social dos petizes, queixou-se da falta de documentos de identificação pessoal das mesmas crianças, facto que complica ao seu enquadramento nas escolas.